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VOCAÇÃO AO SERVIÇO*
2003-05-07 21:03:52

Falar de Vocação é sempre falar de realização e felicidade profundas daquele que é chamado... Ser chamado é reconhecer-se em resposta a um apelo e eleição; é descobrir-se incompleto na busca daquilo que o completa (realiza)... Em suma, abraçar a vocação é encontrar e acolher a própria identidade de ser, vivo, terreno e eterno.

Na mensagem para o LX Dia Mundial das Vocações, o Papa João Paulo II ajuda-nos a descobrir o sentido da vocação através do serviço.
Na Sagrada Escritura aquele que serve o Senhor é um agraciado que se descobre olhado por Deus. Esse olhar revela a ternura de Deus que não vê as aparências mas olha o coração; revela a surpresa do amor de Deus que chama onde ninguém chama... O olhar de Deus toca, renova e torna capaz aquele que escolhe. O chamado descobre-se transformado. Ganhou um nome novo e uma nova identidade. A eleição divina estabelece assim um vínculo definitivo entre Deus e o seu servo. O serviço de Deus torna-se expressão de uma vida nova e plena: a vida ganha um alcance novo, alargando-se ao tamanho de Deus.
Descobrindo-se incompleto, cada um sonha completar-se. Reconhecendo-se imagem de Deus, a pessoa aspira a ser semelhante a Ele. Nesta busca, a pessoa encontra o rosto de Cristo, descobre o Mistério do Redentor. O serviço em Jesus é liberdade e paixão; é promessa e cumprimento; é dom de vida em abundância para todos. O serviço de quem é chamado torna-se identificação com Cristo, eleva a pessoa à plenitude a que aspira.
A consciência de ser chamado abre à consciência de ser enviado. Quem se descobre agraciado por Deus descobre-se dom, leva-o a desejar o mesmo para os outros... leva-o a descobrir-se sinal e presença de Deus para os outros. No seu serviço, Cristo continua a servir os irmãos. É a certeza de que se completa na sua carne o que falta à paixão de Cristo, para que de facto Cristo seja tudo em todos. O serviço torna-se como que um sacramento. O discípulo que serve descobre-se sinal vivo que torna efectivamente presente o Senhor que lava os pés. A vocação pode assim sair do terreno da subjectividade. Ela não é mero gosto pessoal, sentimento íntimo, jeito próprio, ou querer individual. Ela manifesta-se de forma bem exterior e concreta: nas necessidades dos irmãos, na inexistência de outros para deitar mão, no desafio da situação concreta, na hora; na vida do mundo e da Igreja que reclamam um serviço comprometido e empenhado. Também não se confunde com realização do desejo de se sentir útil ou reconhecido na própria generosidade. Quantas vezes o chamamento orienta para caminhos nunca pensados, aparentemente superiores às próprias capacidades, e até então distantes e estranhos. É um mistério do amor de Deus.
O serviço da Cruz de Cristo é serviço do amor até ao fim, gratuito e desinteressado. Contrário à natural lei do mais forte, que tudo avalia em termos de domínio e controle. Este serviço pascal do Senhor atrai, pela sua liberdade, autenticidade e totalidade... e suscita uma resposta de serviço idêntica. Para aquele que é chamado, o serviço assim experimentado torna-se a chave para ler e interpretar os sinais que Deus semeia na sua vida... é possível fazer como o Senhor fez até chegar a ser como o Senhor é e amar como o Senhor ama. Percorrer o mesmo itinerário de Cristo é configurar o seu coração com o de Cristo; é procurar o Senhor lá, onde Ele disse estar presente: nos simples e pequeninos, nos que passam necessidades, nos doentes e abandonados, nos pecadores...; é despojar-se do homem velho, tão cheio de si e das suas coisas, para se revestir do homem novo, criado na justiça, na santidade e na verdade. É viver a radicalidade da caridade de Cristo que ama todos sem distinção, a começar pelos inimigos; é descobrir como o Senhor faz desabrochar e fortalecer as condições de resposta necessárias; é experimentar a alegria e a paz interior de se deixar conduzir pelo próprio Jesus.
Sob a perspectiva do Serviço a vocação constitui-se sempre: participação no mistério da pessoa e da vida do Filho muito amado do Pai e Servo de todos; vínculo inseparável e solidário com o percurso de toda a humanidade; bem inesgotável que sacia e completa o coração humano que confia no Senhor pois sabe que «Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam»(Rom 8,28).

* Do Comentário Doutrinal à Mensagem do Papa, para o LX Dia Mundial das Vocações, apresentado pelo Serviço Nacional das Vocações.


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