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PROCISSÃO DE FÉ NO RIO TEJO
2003-04-22 21:38:28

A falta de peixe nos rios Tejo e Zêzere não foi suficiente para acabar com a fé dos pescadores ribeirinhos, que ontem pegaram nas suas embarcações engalanadas e rumaram até ao ‘cais’ de Constância para participar na secular cerimónia da bênção dos barcos.

José Sirgado, 53 anos, foi dos primeiros a chegar. Natural de Linhaceira, Tomar, fez-se transportar numa pequena embarcação com 46 anos, que herdou do pai. E preparava-se para almoçar junto ao rio com um grupo de amigos, tal como se fazia nos tempos em que os rios ainda eram o principal sustento da populações à beira rio. “Ainda me lembro de se mandarem foguetes dos mastros dos barcos”, recorda o ex-pescador, lamentando o excesso de “descargas poluentes” nos rios e a consequente falta de peixe.

Quando era adolescente, José Sirgado recorda-se de ver “mais de 100 barcos” a remos ou puxados com vara, no cortejo fluvial em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem. Os pescadores concentravam-se nas margens e faziam “grandes caldeiradas com peixe do rio”.

Agora, os barcos têm motor, as pessoas perderam o hábito de almoçar nas margens e, quando o fazem, optam pela “costeleta ou bife grelhado”. Ainda assim, todos são unânimes em reconhecer que a tradição ganhou novo fôlego a partir do final dos anos 80, por iniciativa da Câmara Municipal de Constância.

Ontem, o cortejo fluvial integrou perto de 80 embarcações, oriundas de 22 concelhos ribeirinhos, desde Abrantes até Lisboa. À chegada ao “cais”, além da salva de foguetes e das melodias interpretadas pela Filarmónica Montalvense, os barcos foram recebidos por centenas de populares que aproveitaram o dia para participar nas Festas de Constância.

Muitos dos ‘homens do rio’ apresentaram-se trajados a rigor e não se pouparam a esforços para decorar os seus barcos com bandeiras e flores, transformando-os em autênticas extensões das ruas floridas da vila.

Constância comemorou ontem o dia do concelho e, como é habitual, a população espalhou mais de um milhão de flores de papel pela localidade, formando tectos falsos e tapetes de rara beleza.Por estes arruamentos desfilou em procissão a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira dos navegantes, seguindo-se a bênção das embarcações. As festas encerraram com um concerto de Luís Represas.

CÂMARA QUER COMPETÊNCIAS COM DINHEIRO

O presidente da Câmara Municipal de Constância, António Mendes, acusou ontem o Poder Central de estar a transferir competências para as autarquias sem acautelar as respectivas contrapartidas financeiras.

“No momento em que o País vive sem as comunidades urbanas instaladas e a funcionarem, entendo ser inoportuno descarregar em cima dos municípios novas responsabilidades”, afirmou o autarca, manifestando-se preocupado com o futuro dos concelhos mais pequenos.

Segundo António Mendes, a Lei das Finanças Locais devia dar mais atenção aos encargos correntes dos municípios, sob pena de colocar em situação económica difícil os que têm pouca capacidade de gerar receitas próprias.

O governador civil de Santarém, Mário Albuquerque, que esteve em Constância em representação do secretário de Estado da Administração Local, admitiu que possa existir alguma “confusão” com as reformas em curso, mas acredita no “discurso de descentralização” do executivo governamental. “O Governo está no bom caminho”, garantiu o responsável.

Fonte CM

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