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Japoneses Agnósticos Unem-se Cada Vez Mais pela Igreja
2003-04-14 16:56:28

Os casamentos cristãos, mesmo que celebrados por falsos sacerdotes, tornaram-se a regra no Japão, país maioritariamente agnóstico. Isto porque, dizem os japoneses, estas são cerimónias mais modernas, descontraídas e românticas do que os tradicionais e austeros rituais xintoístas.

Yuichi Nakashô, 31 anos, de "smoking" e laço, e Yuko Sasagawa, 30, com um vestido de casamento imaculado, irradiam alegria: a sua união acabou de ser abençoada por um grande homem louro de óculos, com ares de estudante americano e muito pouco de sacerdote.

O casal não tinha pensado nisso: "O que queríamos era ter uma festa descontraída, com os nossos amigos e alguns familiares. Foi já durante a cerimónia que percebi que o padre era importante", diz Yuko.

O casamento não durou mais de 20 minutos, cumprindo-se um programa bem definido: um coro cantou um hino protestante, foi lida uma passagem da Bíblia, o "pastor" proferiu a sua mensagem, benzeram-se e trocaram-se as alianças e passou-se ao registo das assinaturas.

Segundo a revista XY Zekushi, os casamentos "cristãos" representaram 60 por cento do total de uniões celebradas no Japão em 2002. Os esposos raramente são crentes, já que a percentagem de cristãos no país não chega a um por cento. As restantes cerimónias repartem-se entre as bodas xintoístas e as "livres" - sem qualquer conotação religiosa e de popularidade crescente entre os japoneses.

O negócio dos casamentos é de tal forma próspero que todos os hotéis das grandes cadeias montaram a sua capela. A indústria movimenta anualmente qualquer coisa como 11 mil milhões de euros.

"Em 2001, houve 800 mil casamentos. Foi o número mais alto nos últimos 24 anos e deverá continuar a aumentar até 2008, porque a segunda geração do 'baby-boom' tem agora entre 28 e 30 anos", congratula-se Yoshitaka Nojiri, da "Take and Give Needs". A empresa organiza casamentos menos formais do que os dos hotéis, realizados em palácios ao estilo de Hollywood, geralmente com uma capela e uma piscina para onde acabam por ser atirados os convidados.

Nojiri não tem dúvidas de que são as mulheres que querem ter um casamento à ocidental, por causa do vestido branco e do lado romântico da cerimónia. "É um sonho que querem concretizar. Elas vêem os filmes americanos e europeus e aquelas belas festas".

Para Jean-Pierre Matata, um missionário católico de origem congolesa, nem sempre as motivações dos adeptos dos casamentos cristãos são assim tão superficiais. "É algo de mais profundo. Quando pedem uma cerimónia católica, é pelo ambiente de meditação e oração. No Japão, mesmo que a maioria das pessoas não ligue à religião, gosta de ir às igrejas", afirma.

A partir de 1975, a Conferência Episcopal do Japão passou a autorizar os padres a casar pessoas que não são católicas, desde que frequentem um curso de iniciação aos valores cristãos que dura entre três a cinco meses.

legenda: O negócio dos casamentos é tão próspero que todos os hotéis das grandes cadeias montaram a sua capela.

Fonte Público

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