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Sem fronteiras nem barreiras - Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa
2003-03-16 13:19:42

Na nossa época, o aumento da velocidade dos meios de transporte encurtou as distâncias, as novas tecnologias da comunicação aproximaram as pessoas, as facilidades na circulação de bens e pessoas e na comercialização dos produtos aceleraram a globalização da economia. As fronteiras políticas esbateram-se. As barreiras físicas continuam a ser reduzidas. À primeira vista, tudo parece conjugar-se para aproximar a humanidade do nobre ideal da fraternidade universal.

O problema é que ao lado das fronteiras que são anuladas e das barreiras que são vencidas continuam a crescer as diferenças sócio-económicas e culturais entre continentes, entre países e entre classes sociais. Cerca de oitenta por cento da população mundial vive ou sobrevive com apenas vinte por cento dos recursos disponíveis.
As teias do egoísmo, a rede de interesses pessoais, a insaciável sede de poder e o incontido desejo de acumular riqueza continuam a gerar barreiras entre as pessoas e a estabelecer fronteiras entre as classes sociais e os povos. A lei do mais forte continua a prevalecer sobre o mais fraco, na política, na cultura, na economia e até nas relações laborais. Os contrastes sociais acentuam-se. Cresce a riqueza mundial, aumenta o número dos pobres e diminui o número dos ricos.
E porquê? Por muitas razões mas, fundamentalmente, porque não é reconhecida a igual dignidade de todos os seres humanos e não é respeitado o destino universal dos bens, entregues pelo Criador a toda a humanidade e não apenas alguns privilegiados.
É para combater essa tendência que o ideal cristão da caridade continua a ser proclamado sem interrupção, ao longo dos tempos. Porque só o reconhecimento da igual dignidade pode levar ao reconhecimento da igualdade de direitos, que faz esquecer as diferenças de raça, de condição social ou de qualquer outro género, para fazer de todo o ser humano objecto de atenção generosa e de amor sincero e gratuito, de acordo com a emblemática sentença da nossa sabedoria popular: «faz o bem e não olhes a quem».
Todo o ser humano caído à beira da estrada, acantonado num campo de refugiados políticos ou de deslocados de guerra, marginalizado nos bairros de lata, embrulhado em farrapos e cartões nos vãos das portas das grandes cidades, vítima da guerra ou da vil exploração dos traficantes de droga ou de seres humanos, esquecido da família e sem amigos e em tantas outras situações dramáticas, por vezes só e indefeso, espera uma mão amiga que o ajude a vencer as barreiras que se elevaram à sua volta e o impossibilitam de sair da situação em que se encontra.
A Caritas, pretende ser essa mão amiga que se estende a todos os que precisam de ajuda para reencontrar a dignidade e o direito de viver em sociedade. É por isso que, no próximo dia 23, vai sair à rua de mão estendida, convidando todos os homens e mulheres de boa vontade a darem o seu contributo para derrubar as barreiras que impedem o estabelecimento da fraternidade universal, descobrindo dessa forma a verdade contida na palavra de Jesus, escolhida pelo Papa João Paulo II para tema da sua mensagem quaresmal: «há mais alegria em dar do que em receber».

Lisboa, 7.3.03
Comissão Episcopal da Acção Social e Caritativa


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