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SOS VIDA
2003-03-17 12:48:45

O S.O.S. Vida é um associação de apoio à grávida surgida após o referendo do aborto de 1998. Em pouco tempo realizou um trabalho impressionante: até Outubro passado já ajudou 209 grávidas! Com vista a conhecer a experiência desta associação, entrevistámos o Sr. P.e Jerónimo Gomes, seu principal promotor. A entrevista foi realizada com o apoio da Drª Maria do Carmo Pereira.

Como surgiu o “SOS VIDA”? Quem é que o promove?

O S.O.S. Vida – Apoio à Grávida Aflita surgiu em 1999 por iniciativa do Sr. Bispo do Algarve, Dom Manuel Madureira Dias, tendo congregado a intenção de dedicação a esta causa do Sr. Padre Jerónimo Gomes e a vontade de várias outras pessoas (incluindo alguns médicos, advogados e psicólogos) que se ofereceram voluntariamente para colaborar.

O “SOS VIDA” tem feito um grande trabalho de apoio a grávidas. Quantas grávidas já ajudaram? Em que consiste essa ajuda.

O trabalho do S.O.S. Vida desenvolve-se em duas vertentes: a do atendimento telefónico, que funciona 24 horas por dia (dispomos de três números de telefone, um de cada operador das redes móveis, por forma a facilitar os contactos: 96-242 37 14, 93-808 2597 e 91-693 55 35) e a do acompanhamento e apoio directos.

Do contacto telefónico inicial, que exige suma delicadeza e se revela de decisiva importância, resulta, na maioria dos casos, a marcação de uma conversa pessoal e, aí, a primeira ajuda que procuramos dar às grávidas passa pela auscultação dos seus problemas e planos, que procuramos interiorizar e viver como nossos, para que daí possam surgir soluções por elas aceites e desejadas. Após esta sintonia, espontaneamente vai surgindo a explicação científica de que já existe nelas uma nova Vida e que, para a salvar, até disponibilizamos a nossa casa como recurso extremo. Até ao final de Outubro de 2002 apoiámos directamente 209 casos extremos em risco de aborto.

Assim, o nosso âmbito de actuação inclui o aconselhamento e acompanhamento durante a gravidez e mesmo depois do parto, quando tal é necessário, assumindo as mais variadas formas: apoio psicológico e na reinserção familiar, aconselhamento jurídico, assistência médica, encaminhamento profissional, ajuda material (vestuário e alimentação) e apoio domiciliário tanto antes como depois do parto e, nalguns casos muito prementes, o próprio alojamento das grávidas (em instalações cedidas provisória e gratuitamente pela Diocese) até que possam regressar às suas famílias ou dispor de uma razoável autonomia. Em caso de necessidade, dispomo-nos a procurar acolhimento temporário também para as crianças.

Como é que chegam às grávidas que precisam de ajuda? Suponho que muitas tenham relutância em recorrer ao vosso apoio. Como é que chegam a essas?

O principal meio de divulgação da nossa existência ao longo destes anos de actividade têm sido os Calendários e Horários Escolares que temos vindo a distribuir exaustivamente em locais públicos (Escolas, Centros de Saúde, da Segurança Social e de Emprego, Juntas de Freguesia, Hospitais, Farmácias, Cafés, Supermercados, Papelarias, Estações de serviço, etc.), onde, para além da mensagem sobre o valor da Vida e a necessidade de a defender, também constam os nossos contactos e a disponibilidade de proporcionarmos os contactos de outras instituições de apoio em todo o País (para as quais temos encaminhado os casos da sua proximidade). Promovemos ainda a afixação de cartazes informativos em todas as Farmácias, Hospitais, Centros de Saúde, Centros de Emprego, Juntas de Freguesia e Centros da Segurança Social da região algarvia.

Efectuámos também contactos com todos os jornais e estações de rádio regionais, dos quais resultaram a publicação de um anúncio semanal no jornal da diocese, a emissão de mensagens “spot” divulgando a nossa existência nas Rádios Guadiana e Costa d’Ouro e ainda uma entrevista semanal da Antena 1 sobre a gravidez na adolescência.

Têm sido estes os meios através dos quais puderam tomar conhecimento da nossa existência as mães em situação crítica que já pudemos ajudar.

As grávidas que têm apoiado são só do Algarve?
Somos contactados por grávidas de todo o País, do Norte ao Sul. Sempre que a distância geográfica constitui um obstáculo para um apoio mais directo procuramos encaminhá-las para uma instituição que promova a defesa da Vida e que lhes esteja mais próxima. Sucede, porém, com alguma frequência não quererem permanecer no seu meio de origem durante a gravidez, procurando apoio numa região em que não sejam conhecidas.

Pode caracterizar as grávidas que aparecem a pedir ajuda? São casadas/solteiras, desempregadas, adolescentes...?

A grávida-tipo que recorre ao S.O.S. Vida é, na maior parte dos casos, adolescente solteira, estudante ou desempregada (muitas vezes por causa da própria gravidez), tendo sido abandonada pelo pai do bebé ou desalojada pela sua própria família de origem e em situação de grande carência material.

Nos contactos telefónicos predominam os pedidos de apoio para fazer o aborto. Umas vezes são as próprias grávidas que estabelecem o contacto mas sucede também, com alguma frequência, ser o pai da criança. Tem-nos sido dado perceber que para muitas grávidas aflitas a única alternativa que se lhes coloca é desfazerem-se do bebé e que, numa primeira abordagem, nem imaginam que existam outras formas de resolver os problemas originados pela gravidez indesejada, não tendo, na maior parte dos casos, noção da realidade da nova vida que nelas existe.

Uma rapariga nova, não casada, pode ter relutância ou até medo de falar aos pais sobre o assunto. O aborto pode surgir nessas raparigas sobre pressão como uma saída, já que muitas não têm a noção do horror que representa, para o filho e para elas próprias. O que diria a essas raparigas?

O aborto surge como única saída a uma grande maioria das raparigas novas que se deparam com uma gravidez não só indesejada como também inesperada, constatando-se de uma forma muito clara a existência de uma grande falta de educação e informação sobre as questões de âmbito sexual, bem como sobre o real estado evolutivo do bebé, nomeadamente sobre o bater do seu coraçãozinho logo aos 18 dias, quando muitas delas não desconfiam ainda sequer de que possam estar grávidas.

Procuramos fazer sempre uma abordagem muito simples do problema, baseando-nos na evidência científica de que a vida humana começa na fecundação (aos 18 dias já bate o coração, às 6 semanas já existem ondas cerebrais,…). Por si próprias as raparigas chegam à noção da existência de uma nova pessoa e que é mau resolver os seus problemas à custa da morte do bebé, que é totalmente inocente.

Temos sempre muito em conta a pessoa concreta e todas as suas condicionantes específicas, revelando-se as generalizações como ineficazes e até contraproducentes. Não podemos ter receitas preparadas: aqui, mais do que noutras situações, cada caso é mesmo um caso, exigindo uma extrema delicadeza de tratamento, uma grande sensibilidade e absoluta sintonia. Temos que analisar os problemas de dentro para fora da pessoa, porque é dentro que eles estão e de lá terão de sair as soluções eficazes. Nunca o contrário. Se não procurarmos viver o problema como a pessoa o vive- e não como nós o encaramos- não haverá solução positiva possível. O fazermos nossos os problemas do outro não pode ser um faz de conta, que a ninguém convence: as pessoas têm uma psicologia mais profunda do que imaginamos…

Olhando para um mapa de Portugal e para as instituições de apoio à grávida que surgiram depois do referendo nota-se que muito está feito mas que ainda há muito a fazer. Que mensagem deixaria para as pessoas que vivem em zonas que precisam dessas instituições e onde estas ainda não existem?

Que o problema do aborto existe de facto, que muitas pessoas se vêem realmente confrontadas com a impossibilidade de ter os bebés por falta de meios próprios e dos necessários apoios. Aí só há duas alternativas: ou somos pela Vida e nos empenhamos a sério em ajudar, directa ou indirectamente, por exemplo colaborando com uma instituição, ajudando a divulgar a sua existência, etc., ou então, por omissão, ao fecharmos as portas a quem precisa de apoio para poder deixar nascer o seu bebé, estamos a empurrar as pessoas para o aborto e a condenar os bebés à morte, ainda que teoricamente digamos defender a Vida.

A primeira pergunta, dirigida sobretudo aos mais responsáveis e a todos os que dizemos acreditar que existe uma nova pessoa desde a fecundação é: Há coerência? Acreditamos mesmo a sério? Ou é só nos discursos, referendos e ameaças legislativas? Aqui está o cerne do problema da falta de apoios adequados.

Não podemos dizer que já está muito feito quando se salvam apenas 0,2% dos bebés condenados à morte em Portugal. Achamos muito? Não serão antes muitos os que deixamos matar? Parece-nos que não tem havido coragem para falar claro. São muitos os que dizem que a defesa da Vida é a máxima prioridade mas, na prática, não é isso que se vê nas suas vidas. E é esta nossa incoerência que leva a grávida a pensar que o que existe dentro dela é apenas uma coisa, porque os que dizem acreditar pouco ou nada fazem para o salvar. É que as outras prioridades podem quase todas ser adiadas que ninguém morre, enquanto que aqui morre-se, e em que número!

E que sugestões daria a essas pessoas? Por onde começar?

Que não esperem por dispor de grandes meios para se lançarem ao trabalho: não se pense que são necessários enormes meios, tanto materiais como humanos para começar um trabalho de apoio a grávidas aflitas. Um pequeno grupo de pessoas verdadeiramente empenhadas que tratem de conjugar esforços, de passar palavra das necessidades que têm poderão contar sempre com uma grande generosidade das pessoas à sua volta e os meios materiais acabam sempre por aparecer, muitas vezes de onde menos se espera. Aqui no Algarve nunca teríamos começado se tivéssemos esperado pelos meios considerados necessários…

Enquanto não for bem visível o nosso testemunho e empenho, enquanto não levarmos a todas as terras a mensagem de que existe uma Vida desde a fecundação e de que estamos verdadeiramente empenhados em ajudar as mães que sozinhas não a conseguem defender, não temos, em coerência, o direito de dizer que acreditamos em tal Vida nem de lamentar a morte dos bebés inocentes. Seremos sempre corresponsáveis, gravemente corresponsáveis por esta mortandade, por mais desculpas que inventemos. É este testemunho concreto que se revela indispensável, inadiável, que se espera de nós para que as coisas mudem: não podemos ficar sentados a discutir e à espera de leis “mágicas” que acabem com esta autêntica pena de morte dos bebés…

O que lhe parece que o Estado pode fazer nesta matéria? Por exemplo, as instituições como a sua precisam de algum apoio específico?

Não somos de opinião que o Estado deva fazer tudo: parece-nos é que deveria apoiar e financiar estas iniciativas de prestação de apoio social. Na sua maior parte as grávidas que temos apoiado são pessoas totalmente desprotegidas e que precisam sobretudo de um grande apoio para relançar as suas vidas. Chegam-nos até muitos casos em risco de aborto encaminhados pela própria Segurança Social e por médicos dos Centros de Saúde, que se vêem confrontados com a indisponibilidade de meios para os apoiar devidamente.

Há quanto tempo esperamos por uma casa que satisfaça as necessidades, por uma carrinha para o apoio domiciliário e para recolher as ofertas que nos fazem…

De que vive o “SOS Vida”? Precisa de ajuda? Como se pode ajudar?

Vivemos e trabalhamos exclusivamente com o fruto da generosidade das pessoas que vão conhecendo o nosso trabalho e que se empenham em colaborar com o que está ao seu alcance. Estamos sempre com necessidades de tudo e portanto tudo é bem vindo: roupas para bebé e grávida, fraldas, artigos de higiene, carrinhos, camas, berços, lençóis, cobertores, leite em pó para bebé, todo o tipo de produtos alimentares não perecíveis, etc.

Precisamos também de donativos em dinheiro para podermos pagar as contas da tipografia (os mais de 2 milhões de calendários já editados e actualmente esgotados têm-nos sido sempre entregues a crédito, sendo a dívida amortizada à medida das ofertas que vão chegando), dos telefones (quantas vezes nos telefonam a pedir para sermos nós a ligar porque não têm dinheiro suficiente…) e da gasolina (temos de percorrer mensalmente uns milhares de kilómetros por forma a podermos continuar a deslocar-nos aonde nos chamam e para fazer o acompanhamento domiciliário). Sempre que pretendido, é emitido um recibo pelo valor do donativo, o qual é dedutível tanto em IRS (particulares) como em IRC (empresas).

Também precisamos de colaboração para continuar a distribuir os nossos Calendários, divulgando a mensagem da Vida e levando mais pessoas a saberem que podem contar com apoio na gravidez.

S.O.S. Vida – Apoio à Grávida Aflita
Contacto: Pe. Jerónimo Gomes
Rua da Saúde, 4 – 8000 Faro
Tel. 289 812 812 (24h)
Telem. 96-242 37 14, 93-808 2597, 91-693 55 35


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