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À luz da Palavra - 2º Domingo da Quaresma – Ano B
2003-03-16 12:26:33

Marcos, na perícopa que hoje lemos no evangelho, convida-nos a subir com Jesus ao monte Tabor, fazendo-nos acompanhar de Pedro, Tiago e João. O alcance teológico deste monte emerge da evocação do Sinai e do paralelismo que se estabelece entre o Jesus da transfiguração e o Deus do Sinai: Jesus é igual ao Deus do Antigo Testamento. Ele é verdadeiro Deus.

Marcos insiste na brancura das vestes de Jesus que “se tornaram resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear”. Uma vez que a cor branca representa a glória celeste, Marcos pretende manifestar-nos a divindade de Jesus, que assume e aperfeiçoa a missão profética de Elias e a missão legislativa de Moisés. Por isso, o texto diz que sobre o mesmo monte apareceram também Moisés e Elias, conversando com Jesus. De seguida, os três discípulos atemorizados, viram-se subitamente envolvidos numa nuvem que os cobriu com a sua sombra, simbolizando o amor do Deus trinitário. Dessa nuvem saiu a voz do Pai que lhes dizia: “Este é o meu Filho muito amado: escutai-o”, referindo-se a Jesus.
Subamos, nós também, ao “monte”, ao “lugar” da revelação de Deus. Este monte é feito de silêncio contemplativo, no qual podemos escutar Deus, que nos fala ao coração. Assumidos por Ele no dia do nosso baptismo, simbolizado na nuvem que envolveu os três discípulos, estamos em boas condições para saborear a intimidade com o Deus trinitário, que, por Jesus, nos revela a imensidade do seu amor salvífico. “Se Deus está por nós, quem estará contra nós?”, pergunta pedagogicamente Paulo, na segunda leitura. Deus que nos amou de tal modo, e que “não poupou o seu próprio Filho, mas o entregou à morte por todos nós, não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas?”. No sacrifício pascal de Jesus, em obediência voluntária e total ao Pai, Deus dá-nos a maior prova do seu amor fiel e misericordioso e, com este dom indescritível, oferece-nos, ainda, a confirmação de todos os outros bens de que necessitamos. Logo, por mais árduos e incompreensíveis que sejam os nossos caminhos humanos, nunca temos o direito de desconfiar do Deus Amor. Ao contrário, toda a situação humana, qualquer que seja o seu tom ou colorido, é capaz de despertar em nós, que vivemos em confiança filial face a Deus, sentimentos e atitudes de louvor, de acção de graças e de suplica. A Quaresma é o tempo propício para “subir ao monte” com Jesus e deixar que Ele me examine sobre a minha relação a Deus e sobre o modo como vou experienciando o seu amor. Por isso, sou convidado/a a escutar mais abundante e atentamente a Palavra de Deus, porque é por ela que cresce a minha fé e se desenvolve o meu conhecimento interior de Deus.
Na primeira leitura, o autor relata-nos de que modo quis Abraão imolar o seu filho Isaac ao Senhor, como prova suprema de fé e obediência a Deus. Deus, porém, não quer vítimas humanas, e Isaac sai intacto deste acontecimento doloroso, tornando-se, assim, uma figura do Filho único de Deus, Jesus Cristo, no seu mistério de morte e de ressurreição. Também o patriarca Abraão foi recompensado por este gesto sublime, já que não hesitou em imolar a Deus o seu filho único. O Senhor disse-lhe: “Abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência. Porque obedeceste à minha voz, na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra”.
Senhor, quantas vezes eu me nego a dedicar-te algum do meu tempo para te escutar, a “imolar” algo de meu ou de mim em gesto de amor, a sentir a alegria de me dar aos outros, porque me dizes “que há mais alegria em dar do que em receber”... Quantas vezes, embora envolvida na “nuvem” do meu baptismo, eu vivo sem confiança filial em ti e sem disponibilidade para fazer a tua vontade. Por isso, não me sinto tão agraciada com os teus bens, com aqueles bens que me dão a verdadeira felicidade, aquela que ninguém nem nada me pode roubar, porque sou tua filha querida. Ajuda-me a andar sempre na tua presença para avançar no alcance da tua santidade.

Ir. Deolinda Serralheiro

Leituras do 1º Domingo da Quaresma – Ano B:
Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Sl 115 (116),10 e 15.16-17.18-19; Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10.




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