paroquias.org
 

Notícias






Situação mundial pede gestos concretos de paz nas comunidades cristãs
2003-02-25 21:19:01

O espectro de um ataque ao Iraque originou um movimento global pela paz que é o maior sinal da capacidade de mobilização das causas, de uma maneira que há muito tempo se não verificava.

Maria de Lurdes Pintasilgo refere à agência ECCLESIA que nunca como agora “se tornou claro o desejo de paz em todo o mundo, que há gente que deseja um mundo diferente, para quem a paz é um meio, mas também o objectivo último”.
A actuação dos cristãos, nesse capítulo, é essencial para a construção de caminhos de paz e de liberdade.
“Temos muitos caminhos, a começar pelo testemunho cristão da ressurreição, da grande libertação da humanidade!”, destaca Maria de Lurdes Pintasilgo.
A nossa entrevistada lança mesmo algumas propostas para gestos práticos de paz no seio das comunidades cristãs.
“No saudação da paz, por exemplo, no momento que está a viver o mundo inteiro, era importante que a resposta à saudação ‘a paz de Cristo esteja consigo’ deveria ser ‘que esteja contigo e com o mundo inteiro’. Há necessidade de convicção, de alma, porque estamos a dizer ali que a libertação de Cristo é portadora de paz para cada um e o mundo inteiro”, revela.
Para além dos gestos comunitários nas celebrações litúrgicos há para Maria de Lurdes Pintasilgo um “exemplo fulgurante” da vivência cristã deste momento delicado da história mundial.
“Como João Paulo II não há que ter medo de catalogações: se queremos a paz, vamos fazer a paz com as pessoas que a desejam genuinamente. Temos de ir ao fundo das causas e dar as mãos, dialogar e construir”, defende.
O elogio à palavra e ao exemplo do Papa chega com uma crítica aos líderes das comunidades católicas em Portugal.
“São raríssimas as Igrejas onde nas últimas semanas tenho ouvido falar da paz e da guerra e não há que esconder. Se o Papa é um dos protagonistas do movimento da paz, porque é que temos medo de dizer que somos pela paz por causa das opções do nosso governo? Gostaria de ouvir nas celebrações uma referência mais explícita à situação no Iraque”, confessa Lurdes Pintasilgo.
A situação internacional continua, porém, bastante indefinida e o recente prazo de duas semanas dos governos norte-americano e britânico parecem assegurar que o ataque ao Iraque é algo de definitivo nas suas políticas.
Quando no dia 15 de Fevereiro milhares de pessoas encheram a baixa de Lisboa, Maria de Lurdes Pintasilgo falou em nome das organizações religiosas e foi contundente ao afirmar que “não queremos prostituir a fundamental dignidade humana trocando vidas por petróleo”.
O recurso à violência não é entendida, neste contexto, como um meio de pacificação e de democratização no mundo.
“Contribuir para melhorar a vida de todas as pessoas é fundamental. Os cristãos devem ter essa atenção, cumprir os seus deveres da ajuda ao outro – mormente as obrigações fiscais – e não esperar do Estado todas as iniciativas referentes à dignificação dos nosso irmãos”, adverte.
O espectro da guerra num mundo onde metade da humanidade vive com 2 Euros por dia choca vivamente e deveria provocar uma reacção mais viva nas consciências, afirma Lurdes Pintasilgo.
“É preciso dizer não! Como é que reagimos à questão do armamento? Se há armas nos países mais pobres é porque os mais ricos as vendem”, destaca.
“A ajuda ao desenvolvimento que vai para o hemisfério Sul é menor do que a soma total dos gastos em armamento destes países e nós temos responsabilidades nessa matéria”, conclui.

Fonte Ecclesia

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia