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Pedofilia de Padre Dá 300 Mil Euros de Indemnização
2003-01-31 08:48:39

Um antigo acólito numa paróquia irlandesa, que diz que a sua vida se tornou um "inferno" por ter sido abusado sexualmente por um padre, venceu ontem o processo que tinha apresentado, ao escutar um pedido de desculpas.

Ao mesmo tempo, o tribunal sentenciou que a vítima receberá uma indemnização cujo valor, apesar de não ter sido divulgado, deverá ascender a cerca de 300 mil euros - o que, a ser verdade, a transforma na maior indemnização do género decretada na Irlanda.

Mervyn Rundle, 28 anos, residente em Dublin, foi vítima de abusos sexuais quando tinha 10 anos, e decidiu avançar com a queixa no momento em que a Igreja Católica foi atingida, quer na Irlanda quer nos Estados Unidos, por uma sucessão de revelações deste teor.

O pedido de desculpas lido em tribunal era assinado pelo cardeal Desmond Connell, arcebispo de Dublin, que foi acusado de não agir com firmeza perante os casos com que foi confrontado.

Nesse texto, o cardeal Connell afirmava o seu "profundo lamento pela ferida causada a Mervyn Rundle pelo padre Tom Naughton e sinceramente" pedia desculpa a Rundle e à sua família por aquilo que ocorreu. O padre Naughton foi sentenciado a três anos de prisão, em 1998. Mas durante o seu julgamento foi acusado de ter abusado de outras crianças, em três paróquias de Dubin, durante a década de 80.

Apesar das queixas feitas às autoridades religiosas, nenhuma acção concreta foi decidida e Naughton foi apenas mudado de uma para outra paróquia - decisão comum a muitos outros casos do género registados quer na Irlanda quer nos Estados Unidos, onde a questão assumiu maiores proporções. No seu pedido de desculpas, o cardeal também se penitenciava pelo modo como tinha lidado com o assunto.

"A principal preocupação para o futuro é a protecção de todas aas crianças contra o risco de abusos sexuais", diz o cardeal no seu documento, citado pela Reuters. "O cardeal partilha com o senhor Rundle a determinação de dar todos os passos possíveis para prevenir outras crianças ou famílias contra o que o senhor Rundle e a sua família sofreram", acrescentava o texto.

O pedido de desculpas foi saudado pela Survivors of Child Abuse, uma organização que reune vítimas de abusos sexuais, cujo fundador, John Kelly, afirmou que a Igreja está agora a "escutar mais a sua consciência que os conselhos legais".

A questão dos abusos sexuais cometidos por membros do clero levou o Papa a convocar os cardeais americanos para uma reunião em Abril do ano passado, no Vaticano. Na sequência dessa cimeira, em que João Paulo II falou do fenómeno da pedofilia como "um crime e um terrível pecado", os bispos americanos assumiram um conjunto de regras a ter em conta com os candidatos ao sacerdócio e com os casos que eventualmente sejam revelados, cometidos por padres já no activo.

Fonte Público

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