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Missa ao domingo na igreja ou pela televisão?
2003-01-18 22:17:03

Nesse fenómeno galopante dum certo cristianismo individualista vemos, cada vez mais, cristãos-católicos a optarem pela missa na televisão em vez de sairem de casa e irem à igreja, de forma presencial. Alguns até fazem comparações com as missas da sua terra, da sua paróquia ou igreja, tornando-se a da televisão qual barómetro de uma certa beleza se não litúrgica ao menos ‘folclórica’ ou fora do comum!

Tendo passado recentemente pela experiência (primeira, mas não sei se última!) de ter de ‘fazer’ a celebração de uma missa pela televisão (TVI, no dia 29 de Dezembro: festa da Sagrada Família) e a repercussão da mesma nalguns sectores e latitudes várias, parece-nos oportuno partilhar uma reflexão sobre essa quase dicotomia entre missa na igreja ou missa pela televisão.
De facto há um leque de cristãos praticantes – cada vez maior -- que o são a partir de casa, diante do écran da televisão, sem envolvência com outros... numa relativa ‘vivência’ intimista... Por outro lado, na prática assistimos a uma espécie de católicos praticantes ‘para-quedistas’ que vão à missa conforme lhes convém, seja integrada no tempo de passeio, seja passando por Fátima – repare-se como cresce o número de pessoas nas missas dominicais no santuário! – ou até por outro local de peregrinação, de forma descomprometida (isto é, sem ligação aos outros que lá se encontrem) ou mesmo descontraída.
É notório o índice e a influência da missa pela televisão, que atinge os doentes, os impedidos de se deslocarem aos locais de culto, os velhos mais sós, etc. Ao mesmo tempo é questionante o interesse por parte de outros cidadãos, que parecem rejeitar a Igreja Católica na sua expressão cultual de missa dominical, mas que aceitam a solicitação tele-visiva desse preceito, nalguns casos com mais atenção do que se estivessem a vivê-lo de forma presencial.
Desde logo poder-se-á perguntar: que resposta encontram estes ‘praticantes’ às questões existenciais, teológicas e eclesiais? Basta ser-lhes servido o alimento da Palavra de Deus? Como entendem a participação no mistério eucarístico, pela comunhão sacramental? Até que ponto rejeitam ou aceitam as propostas de compromisso de vida, se não têm vínculo com a comunidade que celebra – visto pela televisão, mas por certo nem sempre para a televisão! – aquela missa em que estiveram? Ver (mais do que participar) aquela missa será como assistir ao desenrolar do ‘big brother’ ou da telenovela?
As missas televisionadas merecem atenção aos difusores do programa. As missas mostradas pela televisão exigem cuidado na forma, no conteúdo e na vivência. Os praticantes-telespectadores acentuam a necessidade que, a partir do que virem queiram celebrar com os outros a sua fé, nem que seja despontada por razões mais ou menos laterais. Ao «ide em paz e o Senhor vos acompanhe» siga-se ‘ide agora viver a missa comprometidamente... em Igreja’!...

A. Sílvio Couto

Fonte Ecclesia

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