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O Ecumenismo é um imperativo do Evangelho de Cristo
2003-01-14 22:00:10

Todos os anos, de 18 a 25 de Janeiro, os cristãos são convidados a rezar pela unidade. É nestes mais visível a questão do ecumenismo, que tem na Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé, actualmente presidida por D. António Marto, Bispo Auxiliar de Braga, um dos protagonistas privilegiados.

Agência ECCLESIA – A impressão com que se fica é que o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos é o momento “essencial” do ecumenismo. Que iniciativas marcam o caminho ecuménico em Portugal?
D. António Marto – Para melhor se perceber esta questão temos de distinguir três dimensões essenciais no ecumenismo: em primeiro lugar a do amor, a fraternidade reencontrada entre os cristãos das várias confissões; em seguida, a dimensão da verdade, que diz mais respeito ao diálogo teológico; por último o ecumenismo da vida, que consiste em aproximar as Igrejas e comunidades eclesiais na sua vida, percebendo que é mais forte o que nos une do que o que nos divide.
Essas dimensões devem assentar na espiritualidade ecuménica, dom e impulso do Espírito, que nos dá as forças e a inspiração para realizar o caminho e é por isso que quanto mais nos aproximarmos de Jesus Cristo e da vida no seu Espírito mais nos aproximamos entre nós.
Convém ainda recordar, que as iniciativas dependem muito das exigências do meio em que se vive, e o dinamismo ecuménico entre nós não é muito grande em parte devido à maioria católica que retira algum elan ao ecumenismo. Ainda assim, há sinais concretos que alicerçam e promovem o diálogo comum a nível das bases, como foi o pavilhão inter-religioso na Expo 98 e continua a ser o Programa “A Fé dos Homens” na RTP2.

AE - Como viver bem, então, o Oitavário de Oração neste ano?
AM – Esta iniciativa é sinal para despertar para a dimensão ecuménica. Para além dos encontros de oração deveria fazer-se uma formação ecuménica e fomentar uma espiritualidade aberta aos valores das outras confissões cristãs. Além disso, é importante estar unidos em causas concretas como a paz ou o acolhimento do imigrante, que é o tema deste ano.

AE - A Carta Ecuménica foi um ponto de chegada importante. Como tem sido feita a recepção do documento?
AM – A recepção é o grande problema dos grandes documentos ecuménicos, que demoram demasiado tempo a serem interiorizadas pelas comunidades.
A Carta Ecuménica é, de facto, um ponto marcante e lança os desafios sobre o que se pode fazer em conjunto: o estudo comum da Bíblia, o intercâmbio de experiências espirituais, colaboração na Teologia e na missão, entreajuda no campo da paz, da conservação do ambiente, da justiça. No fundo é um programa dos passos a dar rumo à unidade total

AE –As paróquias e movimentos eclesiais estão sensibilizados para estes problemas?
AM – As paróquias são talvez as menos sensibilizadas e esse trabalho deveria ser feito, pelo menos, no Oitavário, para que se perceba que esta abertura ao ecumenismo não é algo opcional, mas um imperativo evangélico.

AE - Que preocupação revela o mundo académico português pelo ecumenismo?
AM – Nas Faculdades de Teologia há esta dimensão ecuménica, além de haver um estudo específico sobre o ecumenismo. Em alguns países há uma sensibilidade maior, havendo intercâmbio comum de professores, mas nós estamos ainda nos primeiros passos.

AE - É necessário aproximar o ecumenismo do diálogo inter-religioso ou são “apostas” diferentes?
AM – Há uma diferença qualitativa entre eles, porque no diálogo inter-religioso procura-se uma convivência pacífica e respeitosa entre os crente das várias religiões, para trabalhar nas grandes causas da humanidade; o diálogo ecuménico procura a plena comunhão na mesma Fé, mas não pode ficar fechado em si, devendo levar os cristãos a dialogar com os homens das diferentes religiões.

AE – E ainda é longo o caminho ecuménico?
AM – Estamos numa fase de menos entusiasmo, mas isso às vezes é providencial para um maior aprofundamento. Não nos podemos fechar às surpresas de Deus, que manda homens que destroem os muros...

Fonte Ecclesia

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