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Igreja pede a ETA deixar de matar
2001-01-14 21:37:44

Umas cinquenta mil pessoas procedentes de todos os pontos do País Basco participaram ontem num ato público convocado pelos bispos católicos de Euskadi e de Navarra a favor da paz e para pedir a ETA Militar que deixe de matar.

Ao mesmo tempo que pediram a ETA que "definitivamente deixe de matar", os promotores da manifestação reclamaram aos dirigentes políticos que "dialoguem e procurem juntos o bem de todos". Além de milhares de cidadãos, muito dos quais chegaram em dezenas de ônibus, assistiram ao ato representantes das diversas instituições bascas e partidos políticos e organizações civis, a exceção de Euskal Herritarrok, o "braço político" de ETA Militar, que apoiaram a convite dos bispos. O ato começou com uma marcha de um quilômetro desde a Basílica de São Prudêncio na capital basca até às esplanadas de Mendizabala, onde noutras ocasiões se tem realizado concentrações políticas. Ao final da marcha, nesta esplanada de conotações populares nacionalistas, celebrou-se um ato ou "oração pela paz" em que foi lida uma mensagem dos bispos e uma carta do Papa. Na sua mensagem, João Paulo II afirma que "acima de tudo, é necessário, uma vez mais, levantar a voz a favor do valor da vida, da segurança, da integridade física, da liberdade". Na carta papal, lida por um dos bispos bascos, o Papa pede que se "restabeleça o entendimento justo e a concórdia entre os homens, as famílias e os povos no País Basco, em Navarra, em toda a querida Nação espanhola, profundamente atingida pela dureza da situação presente por causa da violência terrorista que se prolonga desde há anos".
"Não queremos que ninguém mate a ninguém, amamos a vida como dom sagrado de Deus e primeiro direito do homem, seja quem seja e onde esteja", afirmaram os bispos em seu documento lido durante o ato. Na oração, os presentes lembraram "os que morreram vítimas da violência, aqui entre nós ou longe deste povo" e comprometeram-se a "estar perto dos que choram a sua morte", e ao mesmo tempo recordaram os que "vivem acossados pelo medo, as ameaças ou a extorsão". Pediram a Deus pelos que "provocando mortes, terror e destruição, estão causando tanto dano, porque não deixaram de ser filhos de Deus e nossos irmãos". Ao mesmo tempo reiteraram a "necessidade do diálogo para procurar vias de entendimento e de paz estável" e comprometeram-se a promover "um clima social de diálogo, que nasça do respeito e da capacidade de ouvir-se reciprocamente". Esta foi a primeira vez que a Igreja Católica, que tem grande influência na sociedade basca e ao mesmo tempo protagonismo político, organiza um ato público destas características para adotar uma clara posição conjunta a favor do fim da violência num momento em que Espanha vive um clima de especial sensibilidade social e política em relação ao terrorismo e à problemática basca. Há duas semanas, um grupo de duas centenas de sacerdotes bascos também assinou e divulgou um documento conjunto a favor da paz em que reclamavam a ETA que deixasse de matar. Os dois principais partidos políticos, o Popular (PP) e Socialista (PSOE), que no mês passado assinaram um pato contra o terrorismo que pretendem que a ele adiram outros grupos políticos e sociais, têm feito alguma pressão para que a Igreja Católica de Espanha também o apoie expressamente e assuma um compromisso público mais claro com o fim da violência terrorista.





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