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Boas-Festas do profeta Isaías
2002-12-21 19:05:30

Que pensaria o profeta Isaías das suas visões acerca de Jerusalém, se lhe fosse dado voltar hoje a essa cidade? Esta é uma pergunta que necessariamente nos fazemos, sempre que lemos antigas profecias, em qualquer dos livros sagrados da Bíblia. Falando de Jerusalém, que é como quem diz, de toda a Terra Santa, semelhante interrogação poderão fazê–la outros povos, com outras religiões e outras profecias, como os palestinianos, meios–irmãos dos Judeus, que com eles, e com cristãos de várias etnias, partilham de longa data aquele sagrado território, hoje tão desfigurado pelo monstro do ódio.

Isaías, o inspirado profeta do Advento e do Natal, impressionou–se com exércitos de soldados arrastando os pés dentro de pesadas botas de guerra, e profetizou que em seu lugar se avistariam mensageiros da paz sobre as montanhas de Israel, anunciando a hora em que os duros ferros das espadas e das lanças de guerra se iam transformar em relhas de arado e em foices brilhantes, sulcando a terra–mãe e ceifando loiros campos de trigo.

É certo que outros profetas se encarregaram, ou foram por Deus encarregados, de mostrar ao povo a realidade desastrosa de seus desvarios, e o tremendo castigo que os esperava . O próprio Jesus, comparando as cidades do seu tempo com Sodoma e Gomorra, expulsando do templo os comerciantes que o profanavam em covil de ladrões, polemizando com escribas e fariseus, ou profetizando a ruína de Jerusalém, não deixou de verberar a responsabilidade de quantos, abusando da riqueza, do prestígio ou da autoridade, violentavam os pobres e insultavam o santo nome de Deus. A justiça de Deus tem também de exercer–se sobre aqueles que a desprezam; e se no primeiro livro da Bíblia todos os seres saem puros das mãos do Criador, no livro do Apocalipse, que é o último, nem todos entrarão no seu reino, quando chegar o momento de separar o trigo do joio.
Que podemos pedir a Jesus para Jerusalém, neste Natal de 2002?
Que vemos acontecer nesta pequena Jerusalém que é Portugal, um país onde a grande maioria dos pais persiste ainda em fazer baptizar os seus filhos, na esperança de que o ser cristão será sinónimo de graça e de paz?

Valha a verdade que o panorama parece desolador. Não tanto pela contenção de gastos a que nos força a intemperança de tempos recentes, mas pela deterioração das relações humanas que brutalmente vem irrompendo, e ainda bem, para a ribalta do conhecimento público. São polícias, guardiães da lei, que se convertem em agentes de corrupção; são autoridades judiciárias que sonegam documentos para proteger criminosos notórios; são grandes traficantes de drogas, armas, álcool, tabaco, e futebol, cujos nomes nunca ninguém detecta, por detrás das grandes quantidades de produtos apreendidos, ou não, por terra e por mar; é a resistência de funcionários públicos a toda a espécie de controle, fazendo a indisciplina de hospitais e escolas, e agravando a discriminação entre ricos e pobres; é a violência sobre milhares de crianças que os pais expõem ao ambiente degradado de situações de pré– e pós–dovórcio, abandonadas a si mesmas, à rua, ou mesmo a outros familiares e instituições que não podem dar o carinho necessário para um crescimento sadio; é o alastramento da sida, numa política cega e irresponsável em que só o preservativo é panaceia; é agora este imenso e miserável iceberg da pedofilia, que oxalá não acabe por ficar impune, e cujas causas profundas ninguém será capaz de atingir; são as falências e mentiras das empresas que arruinam grandes fortunas e pequenas poupanças, sem darem contas a ninguém.

O Natal é o nascimento do Salvador, pelo qual aspirou o profeta Isaías, o profeta da esperança em Deus. Seja ele a enviar as suas boas–festas aos leitores da Voz da Fátima: «O lobo viverá como o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos, e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, suas crias dormirão lado a lado; e o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra, e o menino meterá a mão na toca da víbora.» (Is 11).
Bendita profecia!

P. Luciano Guerra
Reitor do Santuário de Fátima



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