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Escutismo em força 60 anos depois
2001-01-14 21:19:55

Há 60 anos morria o chefe mundial dos escuteiros. O homem que, ao aperceber-se das aptidões e desejos dos jovens, resolveu criar um movimento que respondesse às suas aspirações.

Assim nasceu o Escutismo, uma associação que reúne actualmente mais de 25 milhões de jovens em 162 países. Robert Stephenson Baden-Powell, carinhosamente tratado pelos escutas como B.-P., tinha então 84 anos.
Hoje, o escutismo já não vive apenas das actividades ao ar livre e do contacto com a natureza, tal como foi idealizado por Baden-Powell para os rapazes da sua época. Nem, tão-pouco, encarna a imagem do menino que pratica a boa acção diária, ajudando a velhinha a atravessar a rua. Os tempos são outros, e o escutismo evoluiu com o passar dos anos.

O movimento está, nos dias que correm, mais virado para a comunidade, para o serviço ao próximo e tenta acompanhar o avanço das novas tecnologias. Os escuteiros já não comunicam por sinais de fumo, ligam-se à Internet; não se orientam pelo sol, utilizam material específico. E viajam bastante, encontrando-se com outros scouts, tanto em Portugal como no estrangeiro.

Mas o essencial não está desvirtuado, garante ao DN José Carlos Oliveira, chefe regional de Lisboa do Corpo Nacional de Escutas (CNE): "B. P. fez com o escutismo uma proposta aos jovens do seu tempo. Creio que se o fundasse hoje estaria atento à realidade tecnológica e a inseria na sua proposta, criando um movimento que fosse ao encontro do que os jovens mais gostam." Com 42 anos, 34 dos quais com um lenço de escuta ao pescoço, este responsável pela Junta Regional da capital diz que "o mais curioso é que, apesar das inúmeras solicitações da sociedade, os miúdos continuam a gostar de estar em campo, acampar, fazer fogueiras ou seguir pistas".

A ideia de Baden-Powell de criar o movimento escutista adveio do contacto que manteve com a juventude e da experiência de campo que teve durante a sua longa carreira militar. B. P. acreditava nas aptidões dos jovens, mas, por outro lado, confrontava-se com a dura realidade de Inglaterra, onde muitos rapazes sucumbiam ao álcool e à falta de objectivos.

Decidiu construir algo para a juventude e o escutismo acabou por se tornar na obra da sua vida. Começou por publicar uns fascículos quinzenais intitulados Escutismo para Rapazes. Vendidos em quiosques, dividiam-se em "palestras de bivaque", através das quais os jovens adquiriam conhecimentos sobre orientação, vida ao ar livre, exploração, entre outras matérias. O chefe escutista estava longe de imaginar que estas publicações iriam provocar o surgimento de grupos escutistas por todo o mundo.

Em Portugal, o número de escutas chega aos 70 mil efectivos, distribuídos por cerca de 1100 agrupamentos. A tendência é para aumentar, como provam as listas de espera em alguns agrupamentos, que ultrapassam os dois e três anos. "São muitos os pais e paróquias que procuram o escutismo para as suas crianças. Uma situação que se torna cada vez mais comum são as crianças que vêm para os escuteiros recomendadas por médicos e psicólogos", explica José Carlos Oliveira.

No entanto, os recursos humanos adultos são escassos para dar resposta à procura da sociedade. "Este período de forte expansão tem de ser controlado, porque é preferível ter menos crianças e apostar na qualidade do escutismo", diz o responsável pela região de Lisboa. E acredita mesmo ser esta a principal dificuldade que o movimento enfrenta nos dias de hoje. "Mas reconheço que em muitos agrupamentos fazem-se autênticos milagres no que diz respeito à gestão do tempo."

Fonte DN

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