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SOCIEDADE ESTÁ DOENTE
2002-12-14 09:55:00

Aos 55 anos, D. Manuel da Rocha Felício é o novo Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa. Amanhã, recebe a ordenação episcopal na Sé de Viseu, em cuja diocese nasceu e serviu até agora.

A acção pastoral numa diocese tão vasta e heterogénea como a de Lisboa (19 concelhos, 291 paróquias e cerca de 400 sacerdotes) é um desafio que não o assusta. Considera que problemas como a droga, a marginalidade, o escândalo da pedofilia, entre outros, são efeitos perversos causados pela ausência de objectivos de vida. “O Bispo tem uma palavra a dizer para devolver a esperança a um mundo doente”, sublinha.

Correio da Manhã - Como encara a nomeação para Bispo Auxiliar de Lisboa? Um desafio, um prémio, ou as duas coisas?
D. Manuel Felício - Encaro com esperança. Como prémio não, pois acho que estes cargos não podem ser considerados prémio para ninguém. Como desafio, sim; desafio a servir mais e melhor.

- Vindo de Viseu, o maior distrito de Portugal, mas marcado por interioridade e ruralidade, embora citado como um dos mais progressivos do País, como antevê o seu desempenho pastoral numa diocese como a de Lisboa, onde a vida urbana já superou a rural?

- Mesmo em Viseu, o estilo de vida urbana também já supera o rural. Vou para Lisboa consciente da diferença, mas convencido de que a experiência de Viseu também pode ajudar Lisboa.

- Seja qual for o âmbito das obrigações que vier a assumir na diocese de Lisboa, como visualiza o seu desempenho numa sociedade em mudança acelerada como a de hoje?


- O Bispo, no exercício da sua missão, não se assusta com a mudança, mas encontra nela o apelo de Deus à construção do Reino. A mudança, a novidade, a surpresa são marcas do Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo.

- Pode fazer-nos uma síntese do que pensa do papel do Bispo no tempo presente?

- O Bispo é o servidor do Evangelho de Jesus Cristo para devolver ao mundo a esperança a que ele tem direito e que lhe está a faltar.

- O que pensa do papel reservado ao Sacerdote?

- O Sacerdote (Presbítero) é o colaborador directo do Bispo. O Bispo, enquanto cabeça do seu Presbitério, é um com todos os seus presbíteros no desempenho da acção pastoral. Por isso, o Bispo é o primeiro servidor ("coadjutor", se se quiser) de todos e cada um dos seu padres.

- Quais os problemas mais graves com que se debate o homem actual, incluindo os jovens?

- A falta de objectivos bem definidos para a vida, o que se transforma em crise moral, crise de sociedade e mesmo crise de civilização. Os restantes problemas, como a droga e outras formas de marginalidade, desemprego, utilização desumana dos tempos livres, são consequência.

- Os escândalos que ultimamente golpeiam a sociedade portuguesa, como as notícias de pedofilia, que opinião lhe merecem?

- Sobre isto, estou de acordo com a opinião do sr. Cardeal Patriarca veiculada pelos órgãos de comunicação social: “estamos perante uma sociedade doente”. É preciso, por isso, ter a coragem de atacar a doença nas suas raízes; e esta coragem tem de ser da Igreja, mas também de todos os outros actores da vida social. Não é compreensível que continuemos a ter actores sociais que se dizem ao serviço do Povo, como políticos e outros, por exemplo, os ditos fazedores de opinião, que, nesta matéria, puxam para trás.

BIOGRAFIA

Manuel da Rocha Felício nasceu em Mamouros (Castro Daire), em 1947.

1060-68 - Estudou nos Seminários Diocesanos de Viseu.

1973 - Ordenado sacerdote, exerceu na Paróquia de Mangualde até 1988.

1975 - Licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, com a tese “A Infalibilidade da Igreja ‘in credendo’ na ‘Lumen Gentium’.”

2000 - Doutorado em Teologia também pela Universidade Católica.

1998-2001 - Director do Instituto Superior de Teologia das Dioceses da Guarda, Lamego e Viseu; vice-reitor e professor de Teologia do Seminário Maior de Viseu, professor auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade Católica Portuguesa, de cujo Conselho Científico fez parte até agora. Desde 1990 - Membro do Secretariado Presbiteral Diocesano de Viseu e Secretário da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé.

Fonte CM

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