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Se eu já sou bom, ... para que é que preciso da Igreja?
2003-01-25 09:37:52

Exactamente! Se eu sou bom, eu já não preciso da Igreja para ser bom!
Lógico! Não há dúvida de que é um raciocínio que se torna irrefutável, uma vez que, partindo das premissas de que a Igreja é para nos ajudar a ser bons, e se eu já sou bom, nada haverá a receber da própria Igreja. Vamos, então, concluir que a Igreja é exclusivamente para os maus?


Que a Igreja de hoje não está muito conceituada, pelo menos em certas cabeças, já o sabemos; que a Igreja é, no pensar de muitas pessoas, um grupo de gente inútil e desiludida que busca uma satisfação interior para compensar frustrações e desilusões que atingem níveis desmesurados; que a Igreja está hoje reduzida a um grupo de gente mais ou menos inválida, mais ou menos reformada, mais ou menos enganada por uns quantos que estarão a lutar por causa já mais que perdida; que esse Deus, em quem dizem acreditar, não passa de uma invenção dos padres para manter um certo poderio e influência que redundem em seu próprio prestígio, ... diga lá se é ou não é verdade que esta é a linguagem de muita gente que até procura a igreja, quando muito bem lhe convém.

E antes de continuarmos, permita-me que lhe faça esta pergunta, muito directa e sem rodeios. Atrás escrevi igreja com letra pequena, mas agora ao fazer a pergunta, escrevo com letra grande: A Igreja para si tem algum valor? (Não pergunto se para si tem algum interesse.)
Que a sociedade de hoje precisa de bons homens e de boas mulheres, ninguém tem dúvida. A nossa missão humana, independentemente de termos ou não termos fé, é claramente a prática do bem. Ninguém de nós está no mundo para ser mau, todos sentimos quanto é necessário darmos o nosso contributo para que o mundo seja melhor. Repare-se no esforço que a sociedade mais consciente vai fazendo no sentido da verdade, da honestidade, da seriedade, da promoção e defesa dos valores objectivos que sobrevivem para além das gerações.

Quantas pessoas, hoje, sem fé, dão a sua vida por um projecto de mundo novo, alicerçado nos valores da paz, do bem, da justiça social, da solidariedade, da defesa dos oprimidos: todo o homem, respondendo às inquietações mais profundas do seu ser, aspira ao bem. De outra maneira será, indubitavelmente menos HOMEM.

As Igrejas, quaisquer que sejam, por sua vez, sempre pretendem ajudar a retirar este menos que há, em maior ou menor dose, dentro de cada um de nós, e que se manifesta na nossa vida. É que ninguém está completo neste projecto. E mais: as Igrejas não só querem ajudar os maus a serem bons, como querem fazer com que os bons se tornem melhores. De qualquer maneira, e a partir da situação concreta de cada um, há um caminho novo a percorrer com ajuda de Deus. Este projecto bem definido na sua sublimidade, também a Igreja no-lo ajuda a descobrir com o realismo de quem reconhece as suas limitações, numa urgência de raspar até à medula as mais diversas camadas de vernizes exteriores e protectores, ( É que, às vezes, só parecemos bons!), como também na aplicação concreta das nossas poucas ou muitas
potencialidades.
Por isso, Deus nos pede muito mais. Pede-nos que sejamos bons e depois, assentando a construção na solidez das qualidades e valores humanos, pede-nos que demos mais um passo. Qual é ele senão o de sermos santos?!

Exactamente! O grande desafio que se põe a qualquer pessoa que é boa é que se torne santa, é que conclua a sua obra já boa, mas ainda muito imperfeita, com a «massa» de Deus. O cristão não pode, pois, contentar-se em ser uma pessoa boa ou uma boa pessoa. ELE TEM DE SER SANTO, porque se o não for, então a religião nada acrescentará ao Homem.

Jesus não veio ao mundo para que o mundo fosse bom, mas para que o mundo se tornasse verdadeiramente a morada santa do Deus Santo, fonte de toda a santidade.
Que me importa a mim que Jesus tenha nascido em Belém, há cerca de dois mil anos, se ele hoje continua a não ter casa para nascer! E os homens são bons, porque até celebram o Natal, mas não O recebem!

Neste Natal de 2002, procura-se uma casa para Jesus.
Sinceramente, não te importas que seja a tua?

Padre Costa Leite

Fonte Ecclesia

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