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Coincidência ou talvez não
2002-12-10 19:53:05

Nos países de tradição cristã junta-se, como por magia, um grupo interminável de coincidências entre o Natal e a vida quotidiana. Se por um lado as aparências apontam para uma super excitação do mercado, reduzindo todo o religioso aos truques mercantis do Pai Natal, por outro, importa anotar a convergência de sinais e procuras entre o teológico genuíno do Natal, e uma secreta e inominável procura de valores humanos revelando um Deus simples e humanizado disseminado nas complexas teias das sociedades secularizadas.

Os escritores, poetas, músicos, produtores de sons e imagens, crentes ou ateus, tudo fazem para que os seus melhores trabalhos sejam lançados por alturas do Natal. Tudo o que se dirige ao coração, quer venha do prémio Nobel quer dos escritores de última hora, reconhece ser este o momento em que as pessoas estão mais abertas a um olhar de outro universo, mais disponíveis para a reconciliação, com o ambiente mais propício a derreter ódios e agressividades, tanto a nível pessoal, como familiar ou político. O Natal não é apenas a altura de ser bom, mas um tempo de maior tolerância, generosidade, solidariedade atenta aos mais desprotegidos e sós, disponibilidade para escutar, visitar, partilhar com o próximo ou o longínquo. Um tempo tréguas na senda dos grandes profetas bíblicos.
É fácil reduzir o sublime a caricatura e fazer do Natal um tempo de ser ridiculamente bonzinho, como excepção, para confirmar a regra da agressividade e do individualismo que parece pautar as diferentes civilizações e culturas.
Tudo isto nos pode conduzir a uma conversa de lugares comuns, vazia de reflexão, cansada e incurável ao longo dos anos. Mas importa perceber os sinais directos ou indirectos de uma proposta feita por Deus na encarnação de seu Filho. Tão igual à experiência comum dos homens e, ao mesmo tempo, tão radicalmente diferente. É isso que as pessoas querem dizer quando afirmam que todos os dias deviam ser Natal ou que o Natal é quando um homem quiser. Importa descobrir a constante convergência dos sinais.

António Rego

Fonte Ecclesia

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