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Crianças, vítimas da violência
2002-12-03 21:31:58

Intenção do Papa para o Apostolado da Oração, mês de Dezembro

Que as crianças sejam protegidas contra toda a forma de violência, através de políticas sociais adequadas e da ajuda das famílias.

1. «Quem não receber o Reino de Deus como uma criança…» (Lc 18, 17). No Evangelho, Cristo apresenta a criança como exemplo para aqueles que desejam aceder ao reino dos Céus. Só quem se apresenta diante de Deus desarmado, sem preconceitos, confiado sem reservas no amor do Pai – como uma criança diante do pai ou da mãe – entrará no reino dos Céus.


Não foi por acaso que Jesus escolheu este símbolo. Em todos os tempos e culturas, a criança é símbolo da simplicidade, da franqueza, da fragilidade, da graça, da ternura… É assim que sonhamos as nossas crianças e é assim que Deus nos sonha a cada momento…

2. Infelizmente, a realidade tem cores mais pardacentas. Nós dificilmente correspondemos ao sonho de Deus e as nossas crianças acordam, muitas vezes, para uma vida de pesadelo. Um pesadelo feito de violência e sofrimento: crianças abandonadas ou maltratadas pelos pais, exploradas em trabalhos degradantes, violentadas na sua dignidade e nos seus direitos, raptadas, usadas e abusadas para satisfazer as perversões de adultos criminosos, vendidas como escravas ou para lhes serem retirados órgãos para transplantes, alistadas à força em exércitos e grupos de guerrilha, usadas por traficantes como correios para transportar droga… a lista das violências é longa e na raiz de cada uma delas está o pecado dos mais velhos, esse pecado que a tantos já parece coisa do passado mas que não deixa de se reinventar, em formas novas e quase sempre mais sórdidas.

3. A violência contra as crianças está muitas vezes associada às condições económicas e sociais em que as mesmas vivem. Se nascem no seio de famílias com problemas de marginalidade ou em situação económica e social muito precária, é mais fácil virem a ser vítimas da violência dos adultos: ou porque são integradas no mercado do trabalho demasiado cedo, tendo em vista contribuir para o sustento da família, ou porque caem em situações de abandono, ou porque são vítimas de adultos sem escrúpulos que aproveitam a fragilidade das famílias, ou porque as instituições que deviam cuidar da sua protecção não cumprem cabalmente as suas funções… As causas são inúmeras e todos os casos são diferentes, mas o resultado tem sempre as mesmas características: crianças traumatizadas, sofrimento de todo o género, degradação moral, ruína progressiva das famílias e das sociedades e, em casos extremos, a morte das crianças.
4. Nenhuma sociedade eticamente equilibrada pode deixar sem combate a violência contra as crianças. Infelizmente, neste combate, segue-se quase sempre o «modelo incendiário» típico da actualidade: a comunicação social encontra um caso, explora-o sob todos os ângulos e chovem declarações de responsáveis políticos, associativos e outros, clamando contra tudo e contra todos, descobrindo que «algo tem que mudar», pedindo leis, punições exemplares… Três ou quatro dias depois, no máximo, já quase toda a gente esqueceu, porque há outro «incêndio» a combater. A violência contra as crianças é uma realidade que pede métodos mais eficazes: leis severas, aplicadas com rigor; desenvolvimento de uma política correcta de protecção às famílias, em particular àquelas mais fragilizadas social e economicamente, através de apoios sérios à maternidade e paternidade; colaboração com instituições da sociedade civil vocacionadas para o acolhimento a crianças sem família ou cuja família não tem condições afectivas para cuidar delas; promoção atenta da adopção como a solução mais adequada para crianças sem família biológica…

5. Mesmo sabendo que este é um combate interminável e que haverá sempre dificuldades, as sociedades não podem nunca desistir, sob pena de autodestruição. E os cristãos são chamados a participar activamente nesta luta, promovendo iniciativas que possam ir em auxílio das famílias e das crianças desprotegidas. Seria bom que, neste aspecto, as comunidades cristãs, particularmente as paróquias, se organizassem de modo a dar um contributo visível na luta contra o poder do mal que se manifesta sem ambiguidades na violência contra as crianças – na certeza de que também por aqui passa a luta contra o «príncipe das trevas», pai do pecado e da mentira, que encontra sempre quem se disponha a segui-lo nos caminhos da violência, da perversão e da maldade.

Fonte Ecclesia

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