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Comunicação impossível
2001-01-14 14:07:36

Gianfranco Fineschi é um famoso cirurgião italiano. Em 1994, operou João Paulo II.
Os cuidados que presta ao Papa terão despertado amizade e o médico não se inibiu, em recente entrevista ao semanário «Oggi», de revelar uma confidência.


Referindo-se aos encontros de Bill Clinton com João Paulo II, declarou que o Papa lhe terá dito que foi «a única pessoa com quem nunca pude estabelecer uma boa conversação».

«Quando lhe falava - terá acrescentado João Paulo II ao seu cirurgião -, ele olhava para outro lado, admirando pinturas e frescos. Não me escutava. Isso não está bem». Bill Clinton, pelos vistos, não era bom diplomata e, pelo menos com o Papa, comportava-se como um típico americano grandalhão ou criança crescida e traquinas. Do alto do seu pedestal do Poder, habituou-se a olhar de cima da burra, indiferente a quem estava diante dos seus olhos.

Um típico americano de pouca história, que fica admirado com o património alheio, deixando de olhar de frente e de prestar atenção ao interlocutor.
A arte de comunicar, das relações interpessoais aos grandes auditórios, passando - calculem! - pelas comunidades de trabalho e académicas, não é nada fácil.
Não falta quem imite Bill Clinton, sem saber ver, ouvir e dar atenção.
A comunicação é sempre vazia, quando o interlocutor, cioso do poder, o exerce, não com autoridade do prestígio e da competência, mas com autoritarismo mal disfarçado e com permanente suspeita de que os outros - até os colaboradores imediatos! - são rivais e não amigos.
A mediocridade é muito atrevida, incómoda e quezilenta!
As palavras têm vida e força, desde que se respeitem na sua raiz e no seu sentido. Comunicar é tornar comuns ideias e afectos, para enriquecer as acções individuais ou de grupo, na complementaridade dos sonhos e dos projectos.
Quando se trocam as pessoas pela contemplação dos quadros ou dos frescos, borra-se a pintura.
Numa sociedade de comunicação aberta, quer a desdita que triunfe apenas o mediatismo e o imediatismo, em prejuízo do valor real das pessoas. Não se admire que as pessoas se sintam mais solitárias do que nunca no meio das multidões ou sejam relegadas para o anonimato, sobretudo quando não se vergam a prepotências ou recusam cumplicidades com medíocres narcisos com o rei na barriga.

Fonte JN

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