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Jovens recordados e esquecidos
2002-11-19 21:55:06

A gente da comunicação social tinha na mão os dois documentos, ambos ainda quentes da impressão operada momentos antes. Porém, o que lhes interessava saber era o que diziam os bispos do Código do Trabalho, quem defendiam ou quem atacavam. O resto, no momento, era irrelevante. Deste modo, os jovens que tinham ocupado um tempo longo da reflexão da assembleia, eles de quem tanto se fala, ficaram esquecidos por todos os jornalistas presentes, e eram muitos.

Embora anunciado logo no início dos trabalhos como tema que iria ocupar a atenção dos bispos, a verdade é que, documento na mão, ninguém passou os olhos sobre o que vai servir de base ao agir da Igreja neste país, em relação aos jovens, com eles e para eles.
As coisas parece que valem mais pela curiosidade que sobre elas se provoca, que pelos projectos que comportam e pelas acções que desencadeiam. Há que contar com isso e agir em consequência.
Todas as dioceses prestam atenção aos jovens das suas comunidades. Em todas elas há grupos e movimentos juvenis, onde muitos deles vão encontrando sentido para as suas vidas e dimensão para a sua generosidade. Em todas há também muita gente nova desorientada e vogando sem rumo por caminhos que levam bem perto ou não levam a nada que valha a pena.
Habituei-me a dizer aos jovens, para os acordar e provocar a sua reacção ou contestação, que quem não sabe para onde vai, não vai para parte nenhuma.
Não falta convicção aos responsáveis pastorais de que a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja, e que, sem eles agora nas diversas comunidades, o futuro destas será bem menos auspicioso.
Os jovens vêm sendo disputados, desde há muito e entre nós, pelas forças político-partidárias que lhes prometem e dão, muitas vezes sem critério e, não raro, sem peso nem medida. Não falo de cor, nem por mero sentido crítico. Ninguém conquista jovens sérios com mãos rotas. Tanto os pais como os educadores e os políticos devem saber isto. Normalmente, os novos que cedem a estas manobras são os menos válidos e os que querem subir alto e depressa, dispensando-se do esforço que isso comporta.
A Igreja, quando tem uma preocupação permanente de ajudar os jovens e de fazer caminho com eles, depara-se com muitos concorrentes, nem sempre honestos, que deles apenas se aproveitam. Por isso mesmo, será sempre maior o número dos que vagueiam mundo além, do que o daqueles que se deixam fascinar por propostas que qualificam a sua vida e o futuro.
As Bases para a pastoral juvenil abrem horizontes de acção para agora concretizar nas diversas comunidades e movimentos da Igreja. Os jovens devem ser chamados a esta concretização. Já nada se pode fazer para eles, sem que eles estejam, presentes e activos, desde o início do processo.

D. António Marcelino, Bispo de Aveiro

Fonte Ecclesia

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