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Muhammad Yunus, fundador do Banco dos Pobres, em Lisboa
2002-11-14 22:31:48

A convite da AESE, Escola de Direcção e Negócios, desloca-se a Portugal o Prof. Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank também conhecido por Banco dos Pobres.

Dará uma conferência no dia 17 de Novembro, às 11,00h da manhã, no Anfiteatro da AESE, para todas as pessoas interessadas em conhecer esta iniciativa ímpar, presente, hoje em dia, em mais de 59 países, incluindo os EUA, Canadá, França, etc. A entrada faz-se mediante inscrição prévia na sede da AESE, na sequência da qual se deverá obter o ‘Convite’ de acesso à conferência na Calçada de Palma de Baixo, 12, em Lisboa. O tema da Conferência será ‘Credit as a human Right’ (O crédito como Direito Humano) e terá tradução simultânea.

Um banco para mulheres pobres
Nascido no actual Bangladesh, terceiro filho de uma família relativamente abastada, Muhammad Yunus teve possibilidades de realizar os seus estudos universitários e beneficiar de uma bolsa para os prosseguir nos Estados Unidos. De regresso à sua terra, em 1974, professor na Universidade e director do Departamento de Economia, depressa se dá conta de que tudo o que ensina corresponde a teorias muito bem elaboradas e de grande satisfação intelectual, mas inúteis para resolver o problema real que tem diante de si: pessoas muito pobres, sem possibilidades de obterem os meios para sairem dessa pobreza, simplesmente porque ninguém empresta dinheiro a quem não tem garantias para dar.

Ao fazer o levantamento da situação na sua zona, encontrou 42 mulheres, das mais pobres da sua aldeia, que pediam emprestados no conjunto cerca de 30 euros (em 1975) para a aquisição de matérias primas, com as quais trabalhavam arduamente, vendendo o produto, para pagarem uma elevada fatia como juros aos credores locais. E ficavam com muito pouco, quase nada, para elas...

A primeira atitude perante esta usura, foi ele próprio emprestar o dinheiro, os 30 euros, sem condições, para que o devolvessem quando pudessem. Contudo, pensou, isso era uma reacção mais emotiva e a pobreza não se esgotava naquelas 42 mulheres: o Bangladesh albergava legiões de mulheres pobres.

E porque é que os normais bancos não lhes emprestavam dinheiro? Seria por não saberem ler nem escrever? Tentou convencê-los, mas havia preconceitos ancestrais e muito arreigados. É que os bancos foram feitos para os ricos, não para os pobres, pois estes nada têm com que garantir o que pedem emprestado; além disso, havia também os preconceitos sociais contra a mulher, a quem, praticamente, não era costume emprestar sem consentimento do marido. ’Olhamos para os bancos convencionais e fazemos tudo ao contrário’, comentaria Yunus anos mais tarde.

Para resolver o problema em larga escala, à escala da pobreza no Bangladesh, e vendo que não havia sistemas financeiros pensados para os pobres, Yunus decidiu criar um banco para emprestar aos pobres, nomeadamente às mulheres que quisessem empreender e criar o seu negócio. E aí nasceu o

Grameen Bank, em 1976, que após duros começos demonstrou –ao longo dos 26 anos de existência– que conceder crédito aos pobres era a melhor solução para os ajudar a sair do estado de pobreza. Além disso, mesmo como negócio para o banco, isso valia a pena, pois o sentido de responsabilidade da gente pobre é muito apurado, cumprindo cuidadosamente todas as obrigações assumidas.

Em Novembro de 2001 o Banco trabalhava em mais de 40.000 aldeias, mais de metade das aldeias do Bangladesh, com mais de 68.500 centros de atendimento, e com um corpo de mais de 13.000 colaboradores, distribuídas por 1.171 filiais. Os beneficiários dos empréstimos –2,384 milhões de clientes– são na sua grande maioria mulheres, cerca de 94,8%, e os empréstimos muito modestos, em média de 170€ por pessoa. Os empréstimos são utilizados para o lançamento de uma miríade de microempresas do domínio da agricultura, da pesca, da pequena indústria, do comércio e dos serviços.

Parte desses empréstimos permitiu já providenciar tecto a mais de 350.000 familias, enquanto outras 150.000 puderam construir as suas casas, graças aos rendimentos das suas empresas financiadas pelo Grameen.

Contas feitas, o Grameen Bank tem hoje emprestados mais de 3.960 milhões de euros. E o objectivo de Yunus é poder chegar a emprestar a 100 milhões de famílias, em todo o mundo, através do Grameen e suas réplicas, no ano 2005! Referia ainda Yunus: ‘A partir de 1995 o Grameen Bank deixou de negociar novos subsídios ou empréstimos bonificados. Resolvemos depender exclusivamente de fontes comerciais de financiamento.’ E ainda: ‘A experiência mais emocionante ocorreu em 1994-95 quando o Banco emitiu acções para encaixar 180 milhões de euros dos bancos comerciais do Bangladesh. Isto ajudou o Grameen a pagar o empréstimo do Banco Central e a criar um fundo de empréstimos numa base de longo prazo.’

O Grameen Bank é uma instituição com fins lucrativos que promoveu, além disso, alguns negócios como o da Internet, Telefonia móvel e Indústria de tecelagem. Criou um conjunto de 13 instituições sem fins de lucro, de carácter assistencial e social, que funcionam a par com o Banco. O modelo ‘Grameen’ tem hoje existência em 59 países, tanto do mundo desenvolvido (USA, Canadá, França, Holanda, Noruega, Polónia, etc...), como do mundo em vias de desenvolvimento (quase todos os países africanos e latino-americanos, China, Índia, Indonésia, Paquistão, etc).
Em Portugal, os princípios do microcrédito inspiraram a constituição da Associação Nacional do Direito ao Crédito (ANDC). Nos últimos três anos, a ANDC permitiu financiar o lançamento, por parte de 200 pessoas em situação de exclusão, de microempresas nos mais diversos sectores de actividade e em todo o território continental. A acção da ANDC é apoiada pela NovaRede e pelo IEFP.

Informações, Inscrições e obtenção de Convites: Tel: 217221530;
Fax: 217221550; e-mail: aese@aese.pt.
Edifício AESE
Calçada da Palma de Baixo, 12
1600-177 Lisboa

Fonte Ecclesia

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