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Aliança de S. Maria: uma nova Congregação para viver Cristo
2002-10-17 22:47:07

(Homilia do Arcebispo de Braga na Profissão Perpétua e Temporária dos primeiros membros da Congregação Religiosa Aliança de Santa Maria)

«Aliança de S. Maria »: uma nova Congregação para viver Cristo

Vivemos um momento particular de alegria e festa. Com a Profissão Perpétua e Temporária dos primeiros membros da recentemente aprovada Congregação da Aliança de S. Maria a «vinha» do Senhor poderá contar com um carisma novo e experimentar a acção benéfica do Espírito Santo.


Queremos recordar que o Espírito Santo é a «alma» da Igreja e que se impõe , na quotidiana existência da Igreja, reconhecer o maravilhoso Pentecostes que nos é dado vivenciar. São muitas as vozes que pretendem abafar ou menosprezar esta pulsante energia positiva na vida da Igreja na actualidade através de novos Movimentos e Congregações Religiosas. Levados pela tendência negativista, também nós os cristãos nos deixamos prender à ideia da «crise» que cega e impede de ver esta pujança espiritual.
O Espírito Santo actua na Igreja e continua, dum modo invisível, a salvação dos homens congregando-os na unidade através da santidade. São múltiplos os caminhos que todos devem conhecer e estimar; um único objectivo : assumir o projecto de Cristo para renovação do mundo.
Demos graças ao Espírito Santo pela maneira maravilhosa com que se exprime na actualidade. No primeiro Pentecostes eram as línguas faladas e entendidas; hoje a multiplicidade das vocações testemunham a Sua acção e expressam o carinho e a ternura de Deus pela humanidade. Alegremo-nos, exultemos e, simultaneamente, aceitemos a responsabilidade de «visibilizar» o «Seu» fogo e de o difundir sobre a terra, deixando-nos guiar sempre por Ele e distribuindo-O, nos Seus dons, para que a Igreja, Corpo de Cristo, cresça na unidade e na caridade.
Não teremos necessidade de reconhecer, alegremente, esta Sua presença ? Não ouviremos a Sua voz que interpela e chama à alegria das mais variadas riquezas ? Nasce na Igreja de Braga a Congregação Religiosa «Aliança de Santa Maria» para servir a Igreja Universal e queremos crescer no amor ao Espírito Santo que convida a uma maior articulação de carismas e movimentos. Como é bela a unidade e comunhão entre todos ! Como somos Igreja refontalizando-nos na mesma origem e caminhando, talvez por caminhos diferentes, para a mesma meta !

Nesta «festa» de acolhimento de mais um «dom» do Espírito Santo convém recolher a lição da história da Igreja. Sabemos que Deus está com o «Seu» povo e acompanha-o com sinais evidentes de resposta às interpelações concretas do tempo. Aqui e agora um «dom» novo para a «novidade» do momento eclesial e da situação humana. Não se nasce para entrincheirar-se numa repetição de costumes e tradições. Somos de hoje e queremos, como discípulos de Cristo, protagonizar uma verdadeira novidade de vida.

Sempre atentos aos «sinais dos tempos», aponto-vos as Constituições - que gostosamente aprovei depois de consultar a Santa Sé, - que significam os anseios de fidelidade ao que o Espírito sugeriu no trabalho comunitário que as preparou. Não são letra morta e impeditiva duma criatividade alegre. O Espírito não prende nem ata mas orienta para metas paradigmáticas como interpelações nunca plenamente realizadas.
Não quero ser exaustivo nem substituir a vossa meditação e assimilação a efectuar diariamente. Pretendo sublinhar, só um aspecto, que «Aliança», segundo as Constituições, pretende ser como que uma «identificação» com a Virgem Santíssima , tornando-vos um «instrumento» dócil e humilde «nas mãos da Mãe para gerar Cristo em todos os homens». (E. 10).

Recorda-se o mundo imbuído de laicismo e materialismo ateu com um programa, camuflado mas intencional, de afastar Deus e os valores cristãos dos comportamentos e pensamentos. Neste contexto, as vossas Constituições apresentam-vos como «Mães espirituais» semelhantes a Maria» (E. 11) disponíveis para estar «nos lugares onde Ela quiser estar através de cada uma de vós».
Este é o grande objectivo da missão da Igreja e das comunidades que a constituem. Não existimos para realizar determinadas actividades com maior ou menor competência. Somos Igreja quando, percorrendo ousadamente as pegadas de Maria, oferecemos o verdadeiro Salvador do mundo. Tudo vale se orientado neste sentido. O activismo engana, cansa e desvirtua a verdadeira missão. Sem dúvida que teremos de «mostrar» com obras o amor de Deus aos homens. Mas o grande desafio está na maneira de o efectuar. Importa, por isso, que o perfil de Maria seja o vosso, de tal modo que a Igreja, vendo-vos, o professe quotidianamente no amor desinteressado e inteligente. Talvez, até hoje, tenhamos sublinhado, em demasia, o valor das estruturas. O século XXI desafia-nos para o espírito com que as iniciativas são realizadas. Só o «como» dá valor ao que realizamos.
Para sublinhar a urgência de oferecer Cristo à sociedade, seja-me permitido manifestar a minha estranheza por verificar como o Ministério da Educação decidiu não incluir a Educação Moral e Religiosa nas 25 horas lectivas do 1º Ciclo do Ensino Básico «recuando» na explicitação duma Lei já aprovada anteriormente. Se estranho a posição, impressiona o silêncio dos cristãos perante a reacção, ao que havia sido estipulado anteriormente, por parte de alguns cidadãos e Instituições.

Não será um sinal? Valerá a pena enumerar outros dados para nos imporem uma educação laica? Afirmamos que o Estado é laico. O que não significa indiferença perante o fenómeno religioso e pela educação integral dos cidadãos. Os Portugueses, sem desconsiderar as outras crenças, não terão o dever de fidelidade à fé dos antepassados como elemento cultural? Temos valores e princípios marcantes dum humanismo cristão. Não os deveremos defender ?
Depois deste exemplo a reconhecer a urgência da vossa missão de construirdes «Aliança» para como Maria gerar Cristo no mundo, permiti que sublinhe uma consequência e condição para que esta «Aliança» com Cristo por Maria seja verdadeira. «Esta aliança une-nos intimamente umas ás outras»(C. 6). Eis a força e a coragem. Sede testemunhas desta unidade para a Igreja Diocesana.

Desculpai que diga, com S. Paulo, a vós e a toda a Igreja Diocesana : «completai a minha alegria, tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração». «Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. »(Fil.2,4-5)
Façamos silêncio. «Guardemos», como Maria, estas palavras. Rezemos para que todos os cristãos da Diocese de Braga e suas comunidades mostrem como elas são verdadeiras. Talvez tenhamos de caminhar muito. Se me é permitida «alguma consolação», que se torne alegria para mim.

Fonte Ecclesia

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