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Recordar o início do Vaticano II
2002-10-12 12:02:58

"Quando partimos para os trabalhos pensávamos que o Concílio Vaticano II iria durar cerca de 2 meses. Puro engano" - disse à Agência ECCLESIA D. Manuel de Almeida Trindade, um dos padres conciliares presentes na abertura do Concílio Vaticano II, 11 de Outubro de 1962.

Ao todo "eram 72 temas a discutir", passados dois meses "não tínhamos nenhum aprovado" - salientou o bispo emérito de Aveiro, D. Manuel Almeida Trindade.
O bispo emérito de Porto, D. Júlio Tavares Rebimbas foi outro dos padres conciliares que participou neste acontecimento "de extrema importância para a Igreja".

Não esteve no início dos trabalhos, "só fui em 1965, mas votei em todos os documentos" - afirma. Quando chegou ao Concílio, este padre conciliar teve de estudar toda a reflexão anterior, mas "o trabalho para a minha entrada estava todo feito". Na sua estadia em Roma, D. Júlio Tavares Rebimbas recorda também alguns episódios caricatos. "Um dia a Polícia Italiana não me queria deixar entrar para os trabalhos conciliares porque dizia que eu não era bispo. Só tinha 40 anos na altura" - disse.

Dos 72 temas iniciais, Paulo VI reduziu-os para 16. Com "o Papa Montini (Paulo VI), o grande tema passou a ser a Igreja" - referiu D. Manuel de Almeida Trindade. Para este bispo, o Concílio é visto como uma árvore de grande porte e adianta "a raiz é a revelação, o tronco a Lumen Gentium, a seiva a Liturgia e a casca a Gaudium et Spes". Os 9 decretos e as 3 declarações "são os ramos da referida árvore". O Bispo emérito de Aveiro recorda ainda que a declaração sobre a Liberdade religiosa "foi a última a ser aprovada e aquela que causou mais discussão". 40 anos depois do início do Concílio, os dois bispos são unânimes: "vejo aqueles documentos como meus, todos receberam o meu voto".

Episódios positivos e outros negativos, D. Júlio Tavares Rebimbas lembra-se também que numa votação sobre a Bomba Atómica estava junto dele um bispo árabe que votou a favor e adiantou-lhe "enquanto existir um judeu são necessárias bombas atómicas". Para o padre conciliar português "são relações de ódio que não se compreendem na religião católica". Ao todo eram mais de 2400 bispos dos vários pontos do planeta. Em algumas celebrações eucarísticas "eu não participava, assistia á missa porque não percebia algumas línguas". Convém recordar que as celebrações não eram "só em Latim, língua que eu dominava" - acusa D. Manuel de Almeida Trindade.

Sobre a hipótese de um novo Concílio nos próximos tempos, os dois bispos portugueses adiantaram que "é preciso actualizar a Igreja, mas não creio que seja útil nos tempos que correm". Nos sínodos episcopais, que se realizam de três em três anos, "os temas actuais são objecto de reflexão" - referiu D. Manuel Almeida Trindade.

Fonte Ecclesia

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