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Discurso do Cardeal Patriarca de Lisboa na Sessão de Abertura
2002-10-10 21:10:52

Discurso do Cardeal Patriarca de Lisboa na Sessão de Abertura no Congresso Nacional da Família

Senhores membros do Governo,

A presença de Vossas Excelências nesta Sessão de Abertura do Congresso Nacional da Família é de grande significado. Ela significa o reconhecimento, por parte do Governo Português, da relevância da problemática da família na nossa sociedade contemporânea. Tratando-se de uma iniciativa da Igreja, para celebrar o 20º aniversário de um grande documento do seu Magistério sobre a Família, a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, a vossa presença exprime, igualmente, a convicção de que as respostas aos problemas da família têm de ser procuradas numa convergência de esforços, do Governo, da Igreja e outras instituições da comunidade eclesial ou da sociedade civil. É natural que haja abordagens complementares por parte das diversas instituições. Mas o progresso da comunidade nacional muito beneficiaria, no que à família diz respeito, de uma concepção cultural comum, com base na antropologia da família, a sua dignidade institucional e as bases éticas que inspiram comportamentos e traçam um ideal de consolidação e crescimento. Não podemos pedir ao Estado que assuma a exigência espiritual cristã da família como comunidade de amor e de salvação; esse é o ideal cristão da santidade, radicado no baptismo e, através dele, em Cristo ressuscitado, que compete à Igreja propor. Mas esperamos do Estado, isso sim, que defenda e construa uma visão unificadora da base antropológica e da estrutura cultural e institucional da família, para o que muito contribuirá a actividade legislativa que tem a família como alvo.

Senhores Bispos,

Este é um Congresso da nossa responsabilidade, expressão da nossa missão de pastores em relação à família. Sabemos como é belo, mas exigente, o ideal cristão da família, concebida como experiência básica da comunhão eclesial, lugar da vivência da caridade, fonte inspiradora da novidade cristã ao nível dos comportamentos. A proposta eclesial do casamento como caminho de santidade cristã é uma missão da Igreja. Este Congresso significa, para nós, a determinação de uma solicitude pastoral renovada, na busca de caminhos que ajudem as famílias a solidificar-se como comunidades de vida e de amor.

Caros Congressistas,

Saúdo-vos e desejo-vos bom trabalho. A missão de um Congresso não é a de encontrar soluções imediatas para os graves problemas que atingem a família contemporânea. Mas através da discussão e do diálogo, podemos contribuir para o aprofundamento do tal quadro cultural que inspire a busca de políticas e de soluções. Será base inspiradora dessa busca o ideal cristão de família; sua condição primordial uma sólida base de antropologia da família; e preocupação subjacente a salvaguarda da dignidade da família como instituição e sua interligação com a sociedade como um todo. Sejam livres na discussão, ousados nas propostas, mas com aquela sabedoria, caldeada na obediência da fé, de quem só deseja pôr em realce as reais potencialidades da família como realização do desígnio de Deus, que quer fazer de toda a humanidade uma única família de irmãos, que chamam a Deus “Pai”. Não deve ser nossa única preocupação defender a doutrina da Igreja, consolidada em dois mil anos de tradição. Disso se encarrega o Espírito Santo. É também nosso objectivo solidificar a esperança, proclamando as potencialidades do ideal evangélico do amor, que faz da família cristã um sinal de um futuro novo.

† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

Lisboa, 10 de Outubro de 2002

Fonte Ecclesia

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