paroquias.org
 

Notícias






"70x7 É Património da TV Pública"
2002-09-15 11:36:27

Em 1964, o padre António Rego já fazia programas de rádio. Quatro anos depois, estava em contacto com a RTP: realizou um programa para o Canadá e outro para a RTP-Açores (Andar Faz Caminho), a partir de 1975. Teve contactos intensos com França, onde estudou e ainda ensina audiovisuais, nomeadamente televisão. Considera que o programa que iniciou com Manuel Villas-Boas "fez um percurso de amadurecimento temático e formal". O 70x7 é um património da estação pública, defende o homem para quem fazer TV é como andar de bicicleta: não se esquece.

A hierarquia da Igreja sempre deu liberdade aos intervenientes no 70x7 de fazer as abordagens que pretendiam. Mas quem era o autor das intervenções?

Os textos eram nossos, escritos para televisão. A televisão não é um subserviente de textos. É uma linguagem total que se exprime pela imagem, pelo som e pelo texto. Havia um esforço grande de obedecer a essa regra, na convicção que ainda hoje alimento: que não há boa mensagem que resista a uma má comunicação, seja ela escrita, dita ou filmada.

E onde se inspiravam?

Antes de nós já outros se tinham aventurado nesta comunicação. Recordo, para simplificar, o Cardeal Ribeiro e o seu programa " O Dia do Senhor". Este nome foi inspirado no programa de França criado pelo dominicano P. Pichard, e que já celebrou 50 anos de existência. Esperemos que o 70X7, o mais antigo da RTP, tenha essa honra. Com o tempo fomos tomando contacto com muitos programas congéneres sobretudo da Europa. Mas posso dizer que não copiámos muito. Tínhamos a nossa forma de comunicar.

Como avalia a sua experiência de anos no 70x7?

Permitiu-me excelentes contactos com todo o país, com a realidade urbana e rural, com diferentes movimentos (da esquerda à direita, dentro da Igreja),com muitas procuras de vida cristã e de sensibilidade aos problemas do mundo. O Concílio Vaticano II foi uma referência essencial na abertura das grandes questões à opinião pública dentro e fora da Igreja. Ao programa vieram ateus, agnósticos e crentes, numa partilha muito interessante de problemas "religiosos" comuns.

Pensa que a rubrica tem potencialidades para se manter na grelha da RTP? Que mais-valias traz o programa à estação pública e aos telespectadores?

O programa tem pleno espaço na RTP. Distingue-se do programa Ecclesia na forma de abordagem das temáticas. Julgo que, mesmo que possa reformular-se - e isso é sempre desejável - tem um espaço na televisão pública que corresponde a um património como a Eucaristia Dominical. A Igreja, na pessoa de Monsenhor Lopes da Cruz, foi um dos fundadores da RTP. E os programas religiosos que lá surgiram foram daí decorrentes, para além da caracterização religiosa do nosso país que confere direitos sociológicos à Igreja Católica, sem esquecer e saudar a presença de outras confissões, como acontece em "A Fé dos Homens".

Foi para si difícil abandonar o "setenta", ou o desafio da TVI foi, na altura, tão irrecusável que superou a sua ligação emocional ao projecto?

Eu não abandonei o 70X7 para aceitar o desafio da TVI. Ainda tenho algumas responsabilidades no programa pois é o Secretariado de que sou director que o edita. Fui para a TVI enviado para uma missão que, para ser sincero, nada me apetecia iniciar. Mas fui e estou a coordenar a Eucaristia Dominical e o programa "Oitavo Dia" onde sinto o melhor apoio e total liberdade criativa. Fazer televisão é como andar de bicicleta: não se esquece. E tenho sempre aprendido com excelentes profissionais que tive a felicidade de encontrar na minha vida de padre. Sempre fui muito claro: faço televisão enquadrado na missão a que dediquei a minha vida, não o contrário.

Fonte Público

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia