paroquias.org
 

Notícias






À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XXIV DO TEMPO COMUM
2002-09-15 11:15:10

“Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro,
como eu tive compaixão de ti?”
Mt 18, 33

Sem limite

Escrevo estas palavras a dois dias de 11 de Setembro. Há um ano assistiámos, meio estupefactos e horrorizados à destruição das torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque. Hoje, depois da imensa ofensiva contra o Afeganistão, estamos suspensos de uma guerra contra o Iraque. Parece que, na cidade dos homens, não é possível encontrar outros caminhos sem ser a guerra e a violência! Escondida e traiçoeira como é o terrorismo, ou planeada e legitimada como a que, mais uma vez, se avizinha!


Encontramo-nos sempre diante dos nossos limites. Como harmonizar a convivência comum com a ânsia de poder de alguns? Como promover a justiça e o desenvolvimento quando os extremismos matam a liberdade e o diálogo? Os extremos nunca poderão ser mais do que “meia-verdade”! Só a consciência dos limites humanos pode fazer-nos mais humildes. Mais capazes de aceitar os erros dos outros e encontrar caminhos novos. Mesmo na nossa violência quotidiana, onde conta demais a “minha verdade”, a “minha opinião”, o meu sentimento”!

É nas palavras acerca do perdão que Jesus parece ter-se “esquecido” que somos humanos. Que nos custa muito ultrapassar as ofensas e “sabe bem” atirá-las à cara de quem as fez, quando menos se espera! Sim, também somos especializados num terrorismo mais caseiro mas que também fere! E é logo neste aspecto que Jesus coloca mais alta a fasquia. Que Ele e o Pai perdoem, tudo bem!, mas nós que gostamos tanto de nos desculpar com as faltas dos outros, como vamos conseguir? Jesus também responde: “Com exercício, com muito exercício”! Não basta ouvir ou saber que é importante, nem só fazer muitas orações, é preciso começar a mudar por dentro e por fora. Já experimentaram partir uma daquelas pedras bonitas das ribeiras que são redondinhas de tanto rolarem no meio da água? Estão secas por dentro!

Assim, os nossos limites podem ser ocasião para o diálogo e o perdão mútuos. Quando tomo consciência das minhas fraquezas posso entender melhor as dos outros. Quando não limito as possibilidades do perdão, posso acreditar em relações novas. Podem ficar cicatrizes, mas elas hão-se lembrar a vitória do perdão e não a dor da ofensa!

P. Vítor Gonçalves



voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia