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Casa, escola, trabalho, casa
2002-09-13 22:20:50

Princípio de Setembro! Regresso às aulas!
Depois do “normal” período de férias, chega o “normal” regresso às aulas!
Os miúdos, excitadíssimos por conhecer os novos professores, novos colegas, alguns a nova escola!
Os pais, menos excitados ao verem os preços dos novos livros escolares e ao constatarem que quase nenhuns livros usados no ano anterior pelos mais velhos podem ser usados pelos mais novos, graças ao esquema montado há anos para forçar a compra de novos livros todos os anos, tornando ainda mais difícil a missão de ser-se “pai em Portugal”!


Findo o “normal” período de férias, (normal colocado entre aspas porque, infelizmente, nem todas as famílias o podem gozar), vem o regresso da rotina casa-trabalho-casa, num país em que há muitos anos “política familiar” é algo que tem sido sistematicamente votado ao desprezo.

Este ”regresso às aulas” é um dos acontecimentos em que mais notório se torna o resultado da desastrosa política familiar:

- Nos últimos vinte anos, Portugal tem vindo a ter menos 50.000 nascimentos por ano do que seria necessário para haver renovação de gerações. Actualmente, o saldo negativo é de um milhão de jovens e crianças, com reflexos bem visíveis na população escolar: escolas fecham e professores não encontram colocação, pondo as suas famílias em situação difícil;

- Os horários escolares são feitos com pouca preocupação em preencher totalmente o tempo escolar, fazendo com que existam inúmeros “furos”, em que jovens e crianças ficam abandonadas, à mercê das crescentes ameaças a que estão sujeitas;

- “Conciliação vida familiar/laboral” é algo que não existe, sendo Portugal o país europeu em que ambos os pais passam mais tempo fora de casa, no trabalho e transportes, sendo obrigados a manter os filhos abandonados durante a maior parte do tempo. Não é, portanto, de estranhar que, apesar de ser cada vez menor o número de jovens, seja cada vez maior o número de problemas com estes...

Receitas? Não existem...

Os pais são chamados a enfrentar o enorme desafio de “serem pais em Portugal”, que passa por:

- Fazerem contas à vida e verificarem se é mesmo necessário ambos terem trabalho “full-time” e terem o horário de trabalho que têm. E essas contas devem pesar o que ganham, o que perdem, e o risco que correm (como casal, como pais, como família)...

- Intervirem mais na escola, participando nas reuniões de associações de pais, contribuindo para uma escola mais humana e mais próxima das famílias. A responsabilidade do afastamento escola-família é exclusivamente da demissão dos pais!

- Acompanharem mais os filhos. A escola é apenas um complemento da educação, cuja função principal é dos pais, da mesma maneira que as batatas fritas são um complemento do bitoque (um bitoque, só com batatas fritas, deixa de ser um bitoque...). A escola tem muito a melhorar, nomeadamente no que diz respeito aos péssimos aproveitamentos que têm vindo a ser obtidos (Portugal é dos piores países ocidentais...) mas o crescente número de problemas com os jovens são resultado directo da cada vez menor atenção que recebem dos seus pais, que procuram descarregar sobre a escola responsabilidades que são exclusivamente suas.

Enfim! Regresso às aulas!

Novos problemas, ou, antes, velhos problemas com soluções permanentemente adiadas, na nossa casa e no país...

Procuremos, cada um, implementar, já, as soluções na nossa casa e, em conjunto, as do país.

Fernando Castro
Pai de 13 filhos
Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas

Fonte Ecclesia

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