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Ciência abre portas de esperança
2001-01-04 22:34:14

D. José Policarpo, patriarca de Lisboa, visitou ontem o Hospital Curry Cabral a convite da Comissão de Humanização.

"Cada porta que a ciência abre é uma porta de esperança." Palavras de D. José Policarpo, ontem, entre os doentes do Hospital Curry Cabral, onde efectuou uma visita promovida pela Comissão de Humanização daquela unidade de saúde.
A presença do patriarca de Lisboa não tinha, contudo, o objectivo de questionar a nem sempre muito pacífica relação entre ética e técnica. Conforme o próprio referiu, deslocava-se ali para sublinhar a importância de um serviço prestado pela Igreja, através dos capelães, num local onde coexistem a dor e a esperança. "Trata-se de uma presença não só religiosa mas sobretudo de ternura, de forma a que as pessoas, em situação de sofrimento, nunca deixem de se sentir pessoas", disse ao DN.

Sobre a polémica entretanto suscitada pelas intervenções da autarca de Sintra, Edite Estrela, D. José nem uma palavra de comentário proferiu, prosseguindo, lentamente, as breves passagens por todos os serviços do hospital. Na sala de espera das urgências recebeu um improvisado aplauso dos que aguardavam tratamento. Uma utente dirigiu-lhe uma saudação também ternurenta: "Que Deus o abençoe". Outra, desafiou-o a visitar a instituição onde vive. Mas, apesar do caloroso acolhimento, o bispo não escondia a sua timidez natural, demonstrando sentir-se muito mais à vontade atrás do altar do que propriamente no meio das pessoas. O staff do hospital acompanhou-o constantemente. O director, Fernando Nolasco, deu-lhe a boas-vindas, tendo também informado que a ideia de promover aquela visita pertenceu à Comissão de Humanização, formada por técnicos de saúde. Os capelães que ali trabalham, padre Augusto Cima e padre Pedro, limitaram-se a colaborar na logística, tendo o primeiro, em declarações ao DN, manifestado um grande apreço pela iniciativa, sendo "reveladora de que o trabalho dos capelães já não é visto como um apêndice, mas como um valorizado contributo integrado em equipas de saúde que têm como fim último curar quem está doente." Um trabalho de padres que se caracteriza sobretudo por uma atitude de relação de ajuda que passa por "saber ouvir, saber transmitir esperança, estar com paixão ao lado de quem sente a vida limitada", conforme as palavras dirigidas ao DN pelo administador hospitalar Pedro Canas Mendes. De humanismo na saúde se trata, portanto, quando é referido o trabalho dos capelães. Mas também é esta área uma preocupação de quem gere. Administradora-delegada, Maria João Lupi mostrou-nos o serviço pioneiro naquele hospital que é o gabinete de atendimento e informação, onde um jurista, 24 horas por dia, ajuda ao encaminhamento dos doentes, fazendo a ponte entre estes e os seus familiares. Também foram feitos melhoramentos nas salas de espera e noutros locais de acolhimento.

Não basta, porém, renovar espaços físicos. A "aposta" deve centrar-se, sobretudo, nos profissionais de saúde, não descurando, obviamente, a técnica e a ciência, tal como referiu ao DN Vítor Feytor Pinto, director da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde. Segundo informou, a falta de padres tem-se feito sentir, mas espera-se que, em breve, com a aprovação de uma nova lei, que já se encontra no gabinete de Manuela Arcanjo, surja a possibilidade de colocar capelães leigos nas unidades hospitalares. E trabalho não lhes faltará. Só no Curry Cabral, entre Janeiro e Setembro, passaram 12 500 pessoas.

Fonte DN

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