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Papa Clama pela Paz na Cidade Onde Sofreu a Guerra
2002-08-18 11:21:04

O Papa João Paulo II apelou ontem, durante aquela que pode ser a sua última viagem ao seu país natal, a Polónia, para o fim da guerra e do sofrimento em todo o mundo, numa missa rezada no santuário da Misericórdia Divina, na cidade onde foi vítima da repressão nazi.

João Paulo II pareceu bem fisicamente ao chegar na sexta-feira a Cracóvia, onde o aguardava uma recepção gigantesca. Mas ontem, depois de dormir no palácio que era a sua residência quando arcebispo da cidade, estava aparentemente cansado e frágil. Ainda que tenha lido todo o sermão pessoalmente, fê-lo sem o vigor do dia anterior, reportou a agência Reuters. Dada a sua idade avançada e a sua saúde precária, é provável que não volte a ver a seu país.

Com 82 anos, o Papa voltou à Polónia pela nona vez desde que foi eleito, em 1978, e irá permanecer quatro dias em Cracóvia, onde durante a Segunda Guerra Mundial efectuou trabalhos forçados para os ocupantes alemães, e, mais tarde, como padre, resistiu a décadas de regime comunista.

João Paulo II escolheu o tema do perdão na homilia da primeira missa da sua visita, perante 14 mil pessoas, de acordo com a agência AFP. "O mundo precisa da misericórdia de Deus", disse o Papa, numa cerimónia realizada numa igreja nova ali situada, com a forma de um barco sobre as ondas, dedicada a Santa Faustina, uma freira polaca que morreu em 1938 e que teve grande importância para o Papa. "O mundo precisa da misericórdia de Deus. Em todos os continentes, das profundezas do sofrimento humano, um choro pela misericórdia começa-se a ouvir".

Depois de sobreviver à violência do século XX na Europa e de ter tido a sua quota de responsabilidade nas mudanças revolucionárias de 1989, que transformaram o seu país e toda a Europa de Leste, o Papa continua muito afectado pela persistência da miséria. "Onde o ódio e a sede de vingança domina, onde a guerra traz sofrimento e morte aos inocentes, aí a graça da misericórdia é necessária para que os corações e as mentes humanas estabeleçam a paz".

O dia de ontem ficou ainda marcado pelo facto de o arcebispo católico de Moscovo, Tadeusz Kondrusiewicz, que acompanha o Papa na sua visita à Polónia, ter afirmado que a Igreja na Rússia necessita do apoio de João Paulo II. O bispo católico de Moscovo quer apresentar a João Paulo II, em Cracóvia, o pedido para visitar a Rússia, mas teme que as autoridades russas continuem a expulsar do país mais padres católicos.

O arcebispo Kondrusiewicz acompanha a visita do chefe de Estado da Santa Sé e chefe da Igreja Católica na Polónia com um grupo de 300 russos, dos quais 150 vindos de Moscovo e manifestou-se decepcionado por, até agora, o Presidente russo, Vladimir Putin, não ter respondido à carta que lhe foi enviada por João Paulo II em Abril passado. O Papa escreveu a Putin depois de as autoridades russas terem expulsado do país o bispo católico Jerzy Mazur, da diocese de Irkutsk, na Sibéria. O arcebispo católico de Moscovo receia que exista uma lista para a expulsão sistemática de outros padres católicos dos territórios russos. "Quero dizer ao Papa que hoje necessitamos em especial do seu apoio", disse em Cracóvia.

Hoje, João Paulo II deverá dar uma missa no Parque Blonie e visitar a Catedral de Wawel e o túmulo dos seus familiares no cemitério de Rakowice.

Fonte Público

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