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Santuário de Fátima: frutas exóticas substituíram cereais
2002-08-14 09:48:12

Os ricos trajes africanos abriram este ano o cortejo da tradicional oferta do trigo no Santuário de Fátima. Duas mulheres da Costa do Marfim trocaram o cereal pelas frutas tropicais e estabeleceram a diferença no ofertório.

A caminhada dos peregrinos, subindo o escadório da Basílica com os sacos às costas, tornou-se uma imagem comum nas celebrações do 13 de Agosto, desde que o grupo da Juventude Agrária Católica, proveniente de 17 paróquias da diocese de Leiria, iniciou a oferta em 1940.

Sessenta e três anos depois, o acto simbólico está cada vez mais internacionalizado. Desde Abidjan a Itália, passando por Espanha, há crentes de todos os lados que aderiram a esta "cerimónia de comunhão". Os pequenos cestos de fruta exótica, como era o caso da Costa do Marfim, e os de vinho destacavam-se no meio dos sacos com pouco mais de um quilo de trigo e farinha. Outros transportavam ainda as suas oferendas em sacos industriais de 50 quilos, muitos identificados com as cores dos países de origem. No ano passado, a oferta do trigo, que se destina às hóstias do Santuário, atingiu 4988 quilos.

D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, que presidiu ontem à cerimónia, terminou a sua homilia aludindo ao significado do pão e do trigo, como sinónimos de partilha, e com um apelo à paz, pela qual diz que o homem mendiga. Isto sem antes juntar os fiéis, cerca de 120 mil, segundo dados do Santuário, na interpelação sobre a "igreja que temos" perguntando: "Onde está a nossa igreja neste tempo de profundas mudanças, de tantas dificuldades?" Para o bispo, entre os problemas vastos do mundo constam "os assassinatos sangrentos da África do Sul" sobre os quais perguntou: "Quem olha para eles com maneiras de ver?". Do mesmo modo, levou os peregrinos a pensar "nos incêndios que acontecem por ganância".

A situação dos imigrantes das ex-colónias e do leste europeu também foi mencionada: "Exigem de todos nós gestos de boa vontade, e são presa fácil e desgraçada de tantas associações criminosas."

"Tantas coisas más a que não podemos ficar insensíveis, como a insegurança e a corrupção. Será preciso mencionar a vergonha dos futebóis?", perguntou o bispo. "O cristão tem que ter a consciência de que está enterrado no mundo até ao pescoço", por isso, "nada lhe pode ser indiferente", muito menos outra das preocupações que levou ao Santuário: as mortes nas estradas portuguesas que classificou de "assassinatos".

Fonte DN

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