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O Anjo da Guarda dos Romenos de Lisboa Está na Rua de São Mamede
2002-08-12 16:28:59

Na pequena igreja da Rua de São Mamede ao Caldas, em Lisboa, o padre ortodoxo Marius Pop celebra missa, acolhe compatriotas romenos em dificuldade e olha pelo seu rebanho.

Em Portugal desde 2001, Marius Pop parece não ter tido grande dificuldade na adaptação. A igreja foi-lhe cedida, através de um contrato de comodato pelo período de três anos, pelo Patriarcado de Lisboa, os vizinhos acolheram bem a novidade e não negam ajuda aos romenos que ali aparecem.
Quanto à língua, o padre garante que a aprendeu "de orelha", e já a domina na perfeição. Aliás, segundo explica, o romeno é muito parecido com o português e por isso não constituiu nenhum problema para qualquer imigrante do seu país que rume a Portugal.
Com 32 anos, Marius Pop é casado, a mulher é licenciada em Filologia, mas neste momento dedica-se às duas filhas do casal, uma com sete anos e outra prestes a fazer três. Quanto à família, não a vêem desde a altura em que chegaram a Lisboa e, com um certo ar de saudade, o padre diz que ainda não será este ano, porque há muito trabalho pela frente.
Apesar de estar a residir com a família na embaixada da Roménia, a igreja da Rua de São Mamede não deixa de ser um porto de abrigo para aqueles a quem a vida trocou as voltas. Imigrantes a quem os patrões não pagam ou que por qualquer outra contingência se vêem sem tecto e sem comida e vão ali à procura de ajuda. Presentemente estão sete pessoas a dormir no Sótão da igreja, mas, ainda em Março deste ano, chegaram a ser 40.
Muitos dos problemas que lhe são apresentados Marius Pop transmite-os à embaixada, outros, pelo seu carácter legal, a maioria relacionados com conflitos laborais, são apresentados a uma associação de advogados ortodoxos. Quanto a comida, o padre lá vai reunindo boas vontades para ajudar os seus compatriotas e já conseguiu mesmo o apoio de um restaurante que fica nas imediações do templo.
Marius Pop estima que em Portugal, legalizados, estejam cerca de 11 mil romenos, mas em situação ilegal talvez estejam outros 11 mil.
Os problemas económicos são os principais motivos que trazem estes romenos a Portugal, em busca de uma melhor vida. E para que não se sintam desapoiados, há a necessidade urgente de que a igreja ortodoxa lhes possa prestar mais ajuda, o que só poderá acontecer quando existirem infra-estruturas que possibilitem essa capacidade de resposta. Uma luta que o padre neste momento abraça como sendo a sua tarefa prioritária. Quanto ao rebanho, não se pode queixar. Todas as semanas o número de fiéis que acorre às orações aumenta, lotando o pequeno templo e deixando muitos, cada vez mais, na rua a ouvirem missa.

Diferenças entre católicos e ortodoxos, Marius Pop diz que não são quase nenhumas. A principal, é que os padres ortodoxos podem casar, o resto que separou as duas igrejas, "tem mais de político do que religioso", garante.
E a comprová-lo estão as pinturas da igreja. Lá estão os profetas, os 12 apóstolos, todas as imagens do antigo testamento. Mais cor, muita cor, mas a celebração do mesmo Deus, do seu Filho, de Nossa Senhora e de todos os santos que conhecemos.
Se na Roménia um católico não encontrar uma igreja à mão pode sem medo recorrer a uma ortodoxa. Ao fim e ao cabo é o que muitos destes imigrantes fazem em Portugal. Longe do templo da Rua de São Mamede, entram em outras igrejas para ouvir a palavra de Deus.

Fonte Público

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