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Vaticano formaliza sete excomunhões
2002-08-06 21:28:38

Por decreto da Congregação para a Doutrina da Fé, o Vaticano formalizou, ontem, a excomunhão das sete mulheres que tinham sido ordenadas sacerdotisas, na Áustria, no passado dia 29 de Junho, pelo grupo dissidente Jesus Rei.

As "sacerdotisas" já estavam, de facto acto, excluídas da Igreja Católica, desde 22 de Julho passado, data em que o Vaticano proclamou a nulidade dessas ordenações.
O decreto afirma que as sete mulheres não "manifestaram qualquer sinal de arrependimento pelo seu grave delito" e que, por isso, são castigadas "com a excomunhão reservada à Sede Apostólica". Apesar da dureza desta expressão, o Vaticano declara a esperança e
m que estas mulheres "voltem a encontrar o caminho da conversão".

Há dois meses, o Vaticano, além de exigir que elas reconhecessem como nula a ordenação, reclamava que pedissem perdão "pela mágoa infligida aos crentes".
Quatro das mulheres são alemãs (Iris Mueller, Ida Raming, Gisela Forster e Pia Brunner), duas são austríacas (Christine Mayr-Lumetzberger e Adelinde Theresia Roitinger) e Angela White é americana, nascida na Áustria.

Apesar da então declarada oposição do Vaticano, as sete mulheres foram ordenadas numa cerimónia participada por 300 pessoas, a bordo de uma embarcação no rio Danúbio. Foi oficiante o bispo argentino Rómulo Antonio Braschi.
Segundo a Igreja oficial, este prelado não tem "poder para conferir o sacramento da ordem", porque é "fundador de uma sociedade cismática".

Por seu turno, a Igreja Católica Apostólica Jesus Rei sustenta que a oposição da Igreja Católica à ordenação de mulheres não tem fundamento nas Escrituras.
"O Vaticano tem por hábito designar como membros de seitas todos aqueles que divergem dos seus dogmas", alega o bispo Braschi.
"Quer a doutrina, que proíbe oficialmente a ordenação de mulheres, quer a lei que nela se fundamenta reflectem heresia", escreveram, por sua vez, as teólogas Ida Raming e Iris Mueller, duas das "sacerdotisas".

"Ordenação de Mulheres" (www.womenpriests.org) é o maior portal internacional da Internet que aborda esta problemática, em oito línguas. Enquadrando historicamente o impedimento que a Igreja Católica mantém relativamente à ordenação das mulhere
s, atribui-o a um triplo preconceito.
Em primeiro lugar, a mulher era tida como um ser inferior ao homem. Já na filosofia grega era considerada um "ser humano incompleto" e, segundo o direito romano (adoptado pela Igreja), a mulher não podia exercer responsabilidades públicas.

Em segundo lugar, a mulher (que era tida como responsável pelo pecado original) era também considerada em estado de castigo, pelo que não podia transmitir a graça divina.
Em terceiro lugar, a mulher era considerada como sendo ritualmente impura devido à menstruação, podendo macular o templo, o coro e, em particular, o altar.
Tendo raízes culturais, estes fundamentos "tornaram-se preconceitos de ordem teológica", constituindo "a verdadeira razão para recusar a ordenação das mulheres, como se conclui dos escritos dos padres da Igreja, dos cânones dos sínodos locais, dos regulamentos eclesiásticos e da teologia medieval", sustentam os contestatários.

Fonte JN

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