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Juan Diego
2002-07-29 21:49:40

A canonização de Juan Diego, um índio mexicano do século XV – de cuja existência, por insignificante, se chegou a duvidar – é um caso merecedor de reflexão para a Igreja do nosso tempo. O seu nome índio significava “aquele que fala como águia”. Era por todos conhecido como um homem bom que morreu pobre e silenciosamente.


A Virgem - conta a história - apareceu envolta no próprio manto de Juan Diego e apresentou-se como mãe de Hipanelmohua, divindade asteca donde brota a vida. Depois, foi o povo que abraçou o acontecimento e a mensagem no alto de Tepeyac. E a Senhora de Guadalupe, tal com sucedeu com Fátima, atravessou continentes e culturas e impôs-se com uma imensa simplicidade apenas complicada pelos teóricos do divino.


João Paulo II, de novo no México, depois do processo de beatificação em 1990. Importa compreender que a importância deste acontecimento decorre, em primeiro lugar, da figura de Juan Diego, da cultura e fé onde nasceu e da forma como se encontrou a religião natural dos índios com a religião revelada dos cristãos. E como se deu um cruzamento harmónico e mutuamente enriquecedor.
Juan Diego foi baptizado aos 50 anos depois do encontro com um homem sábio e santo, Frei Turíbio; Marcado pela luz fulminante da Virgem, aparecida num manto de estrelas e com a lua a seus pés. Era a visão de S. João no Apocalipse, com a águia, primeiro nome de Juan Diego.

Mas havia uma história que envolvia este todo: quando chegaram os missionários encontraram um povo asteca profundamente crente, harmoniosamente embalado na visão de Deus criador e bom, que ofereceu ao homem a evocação permanente do primeiro paraíso que ainda era possível reconstituir na harmonia da natureza, no sentido da peregrinação, no trabalho e na festa, na criatividade feliz e na luta pela sobrevivência. Dir-se-ia que quando a Virgem lhe falou, já estava escrita a primeira página do Evangelho.


Juan Diego nunca mais deixou de referir a Mãe de Jesus como a “Belíssima Senhora” que lhe inundou a vida de uma nova luz. A Virgem tinha falado, a sua língua, a sua linguagem, na sua cultura. E veio ao encontro das urgências de relação religiosa personalizada, assumida por um homem simples e por uma comunidade humilde e respeitosa. Um encontro exemplar de Deus com o Homem.

P. António Rego


Fonte Ecclesia

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