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À PROCURA DA PALAVRA: DOMINGO XVI DO TEMPO COMUM
2002-07-19 21:18:13 “Deixai-os crescer até à ceifa.”
Mt 13, 30
O elogio da paciência
Fizéste-nos pouco pacientes, Senhor!
Por tudo e por nada nos “salta a tampa”
e dizemos o que não queríamos.
Esquecemos o ritmo do aprender e queremos funcionar
mais rápido do que os “megahertzs” dos computadores.
Desligámo-nos da terra e do compasso das estações,
já não saboreamos a alegria de ver crescer as plantas
nem esperamos pelo arco-íris que vem depois das chuvas.
Instituímos a pressa como sinónimo de vida,
e queremos tanto a felicidade toda e agora,
nem que seja uma felicidade oca num embrulho bonito!
A outra, a verdadeira, que enche o coração de um azul imenso,
parece-nos impossível porque tarda em chegar!
Por isso, sacrificamos nos altares da fama e do dinheiro
aqueles que dizemos amar,
como aquelas meninas que mães dedicadas
empurram para as “passereles” da moda
a vender o corpo e a compensar frustrações da fama que não tiveram.
E também há o reverso
das crianças que os pais protegem de tudo,
e se angustiam diante do mais pequeno problema,
porque viveram em redomas,
sem nunca andar descalços sobre a terra!
Sofro com os meninos de longe que já pegam em armas
e com os de perto que se alienam em consolas e “game boys”.
Abriste-nos horizontes imenso de vida,
mas preferimos ainda o que é fácil, o que se pode comprar, o que brilha!
Dá-nos paciência, Senhor,
para descobrir o trigo que cresce em cada pessoa,
para acreditar que é possível manter viva a esperança,
para estar sempre disponíveis a aprender.
Creio na paciência que não cruza os braços!
P. Vítor Gonçalves
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