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Projectos para a Faculdade de Teologia
2002-07-19 22:09:47

Peter Stilwell, ao tomar posse como Director da Faculdade de Teologia, quer reunir as forças da Faculdade para um mesmo projecto para a Faculdade, repensar a avaliação e abrir o leque de saídas profissionais.

Agência Ecclesia - Que prioridades para a Faculdade de Teologia?
Doutor Peter Stiwell - Primeiro pôr a Faculdade toda a reflectir sobre si própria, sobre os seus objectivos. Temos um grande potencial em termos docentes, pessoas altamente preparadas e com projectos e ideias. Devemos juntá-los para reflectir sobre o futuro.


Depois, gostaria que a Faculdade fosse mais sentida pela Igreja em Portugal como coisa própria e menos como algo de estranho que muitas vezes é, não ao nível de quem conhece a Faculdade por dentro, antes de quem é membro das comunidades e dos movimentos: não sinto que a Faculdade faça parte do seu horizonte de vida.
Outra área para reflexão será no diálogo inter-disciplinar, à volta da doutrina social da Igreja tentando perceber os desafios que são lançados para o interior da Igreja, pela compreensão que ela vai tendo do que é a vivência das sociedades, e para o interior destas sociedades, através dos cursos de economia, etc, tentando perceber que existe uma dimensão, que é a dimensão ética e religiosa da vida humana, que tem incidências económicas e políticas.
Também a Mariologia, a reflexão sobre Nossa Senhora e sobre a figura de Maria no interior da nossa fé católica. Ela suscita imensa devoção por parte dos membros da Igreja mas, em termos da teologia, a sua reflexão não tem sido muita aqui na Faculdade

AE - Que alcance terá a “produção de uma alta cultura teológica”?
PS - Tem etapas... e temos vindo a percorrer algumas delas. A primeira é criar uma massa crítica interessada na teologia (os anos de formação de alunos em teologia - desde 1968 - permite que já existam muitas pessoas capazes de pegar e ler um livro de teologia com sentido crítico). Outra será começar a publicar coisas que são de reflexão sobre a nossa situação portuguesa numa perspectiva teológica. Aí temos muito que andar. Temos feito uma reflexão muito subsidiária da de outros países. Temos pouca reflexão autóctone.

AE – A publicação da colecção “Estudos Teológicos” vai nesse sentido?
PS – Desejaria ir, na medida em que está a colocar em livro o que está a ser leccionado nos cursos. E isso já tem o seu interface com a realidade portuguesa. Mas podemos ir mais longe. É preciso estudos de carácter mais específicos: conhecimento da nossa história, mesmo da história da espiritualidade, da teologia em Portugal; conhecer a reflexão religiosa, mesmo fora da Igreja Católica, no campo da literatura ou das outras religiões, para que se comece a criar alguma tensão, algum debate e, eventualmente, polémica, que mostre a relevância da teologia para o pensamento contemporâneo.

AE – Na Faculdade, os critérios e o rigor da avaliação serão revistos? É de temer mais “chumbos”?
PS – Não se trata de mais ou menos chumbos. Mais chumbos apenas indicará que os professores não estão a conseguir transmitir a matéria. Trata-se de saber como é que se pode ajudar os alunos a fazer um estudo que seja menos o da véspera do exame para depois escrever tudo em três horas e esquecer, avaliando antes o que está a ser assimilado pelos alunos ao longo da leccionação e como é que os alunos se podem tornar, eles próprios, protagonistas da aprendizagem.

AE – O sacerdócio ou as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica são as duas únicas saídas “profissionais” para os licenciados em Teologia e em Ciências Religiosas?
PS – Nos EUA, os bancos estão a procurar para lugares de chefia e de iniciativa pessoas formadas em humanidades, filosofia e teologia porque acham que estas matérias lhes dão uma maior flexibilidade na compreensão do que é isso do fenómeno humano. Para fazer contas, arranjam técnicos; mas, pensar sobre o lugar das pessoas e das empresas no interior da sociedade requer uma maior cultura humana. Quem sabe se a teologia, qualquer dia, não começa a ser vista como dando acesso a outras áreas de profissão.


Fonte Ecclesia

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