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Bispo Diz ao Governo Que É Preciso Que Os Imigrantes Fiquem
2002-07-04 14:00:28

O bispo que preside à Comissão Episcopal das Migrações, D. Januário Torgal Ferreira, diz que há muitos patrões a pedir que os imigrantes são necessários em Portugal e que, por isso, é preciso resolver o problema dos ilegais que já vivem no país.

"Se o Governo está tão preocupado com o desenvolvimento económico, e se faltam pessoas em determinados sectores, é preciso que as pessoas fiquem, para bem delas e para bem do país", afirma o bispo, em declarações ao PÚBLICO.

Januário Ferreira comentava deste modo o comunicado, divulgado anteontem ao fim da tarde, de sete organizações católicas, a pedir ao Governo "uma solução urgente, humana e socialmente ponderada para 'regularizar' e integrar as dezenas de milhares de cidadãos estrangeiros" que estão em Portugal. Uma afirmação que, de acordo com Rosário Farmhouse, coordenadora do JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados), uma das instituições signatárias do documento, significa que deve ser criada uma "norma transitória que facilite a integração destas pessoas".

O bispo tem, agora, esperanças de que o Governo mude de opinião em relação às intenções, já anunciadas, de legislar no sentido de obrigar ao repatriamento de quem vive ou trabalha ilegalmente em Portugal. "Trata-se do respeito por quem vem de fora e pelos valores do país, acrescenta Januário Torgal Ferreira, que diz ter "a certeza" de que mudarão as intenções do Governo.

A iniciativa do comunicado terá, entretanto, continuidade já amanhã. As organizações que assinam o documento - incluindo a Obra Católica Portuguesa das Migrações e a Cáritas Portuguesa, directamente dependentes da Conferência Episcopal - reúnem-se com várias outras instituições com as quais têm mantido contactos a propósito do tema da imigração. É o caso das duas centrais sindicais e de várias associações de imigrantes.

Este encontro destina-se a preparar um encontro que o ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, terá com representantes das organizações católicas signatárias da carta "Acolher e Integrar". Um documento que, sintomaticamente, começa por citar uma frase de João Paulo II: "O sinal mais eficaz para medir a verdadeira estatura democrática de uma nação moderna consiste na avaliação do seu comportamento para com os imigrantes."

No texto, que tinha sido enviado ao Governo, as sete organizações católicas (além das já citadas, também as capelanias para os imigrantes Africanos e para os Europeus de Leste, o Centro Padre Alves Correia e a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos) dizem que a não regularização dos imigrantes penalizará os mais pequenos, deixando impunes as grandes empresas. Os estrangeiros a viver em Portugal "são um bem inestimável" e não "uma ameaça à segurança nacional" e, mesmo se pode criar tensões sociais, acabará por criar "coesão social, progresso nacional e [continuar] o diálogo inter-civilizacional que marca toda a nossa história".

O documento afirma ainda que a imigração "não deve continuar a ser criminalizada e que, antes de o país partir de férias, é necessário pôr em prática "medidas de justa regularização da residência, de acolhimento generoso e apoio à integração, que, não obstante os progressos legislativos dos últimos cinco anos, continuam a pecar por deficiente aplicação e omissa vontade política".

Fonte Público

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