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Párocos não cedem tesouros
2002-07-03 13:46:42

Nenhuma das 207 paróquias dos 17 arciprestados de Viseu confiou, até hoje, a custódia dos seus tesouros de arte sacra ao Centro Pastoral Diocesano de Viseu. Nem a recomendação nesse sentido do bispo da diocese, D. António Monteiro, convenceu os sacerdotes.

O apelo foi feito há pouco mais de um ano, na inauguração de um espaço, naquele edifício, com condições para receber o património disperso pelos lugares mais ermos e desprotegidos.
A oferta de D. António Monteiro ocorreu numa época em que recrudesciam, por toda a região, os assaltos a igrejas e a capelas. Muitas peças valiosas, entre santos, cálices e altares em talha dourada, acabaram por desaparecer. O prelado chegou a admitir, publicamente, que muitas delas poderiam estar já no estrangeiro.

Susceptibilidades
O cónego Sílvio Henriques, presidente da Câmara Eclesiástica, desdramatiza a situação. Além de considerar que a recomendação feita pelo bispo não tinha espírito vinculativo, recorda que muitos párocos têm de agir com prudência, em matéria de arte sacra, para não ferir a susceptibilidade dos paroquianos. "Há quem olhe com desconfiança a retirada do património da igreja. Por várias razões, entre as quais algumas experiências negativas verificadas no passado", refere.
Mas há outras explicações para a nula adesão: o número crescente de igrejas dotadas de sistemas de segurança, a substituição de peças originais por réplicas e a salvaguarda do património em locais apenas conhecidos de um número reduzido de pessoas.
A paróquia de Torredeita, nos arredores da cidade, é uma das que já foram assaltadas. Uma das suas capelas, dedicada a Nossa Senhora de Fátima, ficou sem as imagens e foi vandalizada. Contudo, neste momento, o património local está protegido e o pároco, ArmandoDomingues, não vê necessidade de recorrer, pelo menos para já, aos serviços do Centro Pastoral Diocesano.
"Estamos no centro da vila, com muito movimento, e temos locais seguros para guardar as nossas peças de arte. Nos sítios mais isolados substituímos as peças originais por réplicas", informa.
O pároco de Ribafeita, Eurico José, nunca viu necessidade de tirar as imagens dos locais de culto. "Além de terem um valor relativo, nunca se colocou essa hipótese", salienta.
Apesar da nula adesão das paróquias, o espaço museológico diocesano já acolheu, pelo Natal, uma exposição internacional de arte sacra, constituída por imagens de Nossa Senhora feitas em pedra de Ançã, do século XIX. Também guarda peças da Sé Catedral e do Museude Arte Sacra, em obras, além de outras do seminário de Fornos de Algodres.

Fonte JN

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