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Mensagem da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo
2002-06-08 11:00:10

Evocar as comunidades portuguesas, as suas pessoas e histórias, é abeirarem-se Portugal e a Igreja, pela memória e empenhamento, da hora da partida.

À busca do direito, para si e para os seus, o emigrante tomou-se andarilho de deveres, normalmente exercidos nas condições mais duras. Os vários capítulos da humilhação, cujo primeiro foi soletrado nas injustiças da pátria-mãe, não poderão nunca ser esquecidos. Longe de apelos sentimentais, somos de opinião que os emigrantes, vencedores tardios do que lhes era devido, são protagonistas duma narrativa que lembra o êxodo, o descentramento e a solidão no tocante às mais naturais raízes.
A recordação pela comunidade nacional, em 10 de Junho, de todas as portuguesas e portugueses espalhados pelo mundo, é um avivar da responsabilidade de um povo no erguer de condições justas, a cuja luz não haverá mais razões para a labuta em terra estrangeira. Por outro lado, o conhecimento das comunidades migrantes portuguesas torna-nos muito mais solícitos à abertura e ao acolhimento aos pobres, que batem à nossa porta, e que urge apoiar e integrar.
A imigração é, agora, um caminho de retomo e um testar de comportamentos civilizados, numa história que se repete. Se melhor conhecessemos a vida real de quem continua emigrante, com certeza que teríamos uma outra lucidez e um outro coração diante de marginais, gerados por sociedades de bem estar.
A insegurança e violência têm que ser buscadas na sua verdadeira origem. Buscar explicações infundamentadas é desencadear pressões sociais, semear falsos problemas e adiar fórmulas do autêntico desenvolvimento.
Em 10 de Junho de 2002 temos muito presente as calamidades e crises que têm atingido tantos dos nossos compatriotas na África do Sul, na Venezuela, na Argentina, no Brasil e em outras geografias.
Não podemos fechar os olhos à tragédia de assassinatos em massa e ao injustificado do empobrecimento.
A existência ainda hoje - e talvez sobretudo hoje - de emigrantes sazonais, que se ocupam de trabalhos periódicos, em países próximos de nós, é fenómeno que nos convida a decisões urgentes nos motivos, consequências e acompanhamento de pessoas, tantas vezes labutando em condições desumanas.
Ocorrendo este ano as comemorações dos quarenta anos da Obra Católica Portuguesa das Migrações, decidimos organizar, no próximo mês de Outubro, na Suíça, um Encontro de reflexão, com a colaboração dos sacerdotes, religiosas e leigos que têm tornado possíveis a solidariedade e a esperança, criando e apoiando comunidades vivas ao serviço da emigração. As conclusões desse trabalho serão dadas a conhecer à opinião pública.
Que as acções falem por nós em 10 de Junho de 2002.

D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Presidente da Comissão Episcopal de Migrações e Turismo


Fonte Ecclesia

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