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A propósito do Dia Mundial da Criança
2002-06-02 00:36:25

1. Como nos anos anteriores, mais um dia Mundial da Criança será assinalado no dia 1 de Junho. Um acontecimento assinalado de diferentes formas e feitios. Mas o essencial quase sempre é esquecido. Juntam-se crianças, fazem-se festas sempre programadas por adultos, oferecem-se balões e algumas guloseimas, enquanto os reais problemas, sobretudo das crianças mais pobres, são esquecidos. Quantos silêncios forçados? Quanto sofrimento encoberto? Quantos abandonos escolares? – São perguntas pertinentes que deveriam ter respostas eficazes neste dia universal dedicado a todas as crianças.


2. A CNASTI – Confederação Nacional de Acção Sobre Trabalho Infantil – não podia deixar passar esta data sem fazer ouvir a sua voz na defesa dos Direitos mais elementares das nossas crianças, de uma forma especial todas aquelas que são privadas de viverem a sua meninice, de saborearem e usufruírem de um crescimento saudável e harmonioso, sendo para tal obrigadas a trabalharem e a enveredarem por caminhos de exploração, provocada por situações de vida criadas por adultos sem escrúpulos, alheias à sua vontade e para as quais não contribuíram.

3. Em pleno século vinte e um, com tecnologias cada vez mais avançadas, nunca se falou tanto sobre as crianças e os seus direitos. Mas, também nunca as crianças foram tão exploradas com realidades de que as espezinham e impedem o seu crescimento e o direito a ser felizes.

4. As crianças, infelizmente, servem para tudo! Elas são vítimas do trabalho infantil, da exploração publicitária, do tráfico de droga e sequestros. Milhares são obrigadas a pegar em armas e outras a viverem em campos de refugiados, sujeitas à fome, frio, doenças e desnutrição. Outras são vítimas da exploração sexual, onde gente sem escrúpulos procura ganhar rios de dinheiro à custa da inocência destas crianças sem alternativa de defesa.

5. As campanhas de publicidade desenfreada desta sociedade neoliberal, que vai criando necessidades supérfluas, sobretudo nas crianças mais vulneráveis a estas iniciativas. Não importa a influência negativa que isso tem na sua vida. O que interessa é ganhar dinheiro a qualquer preço. O dinheiro, infelizmente, continua a ser mais importante do que tudo...

6. A escola nem sempre é resposta às necessidades de cada criança. São milhares, aquelas que anualmente abandonam a escola. E para onde vão? Onde estão? Algumas vão trabalhar antes de completarem a escolaridade obrigatória. Outras vão para a rua sujeitas a todos os perigos como a droga, a violência e a delinquência juvenil. São milhares de crianças que no mundo não têm acesso aos mais elementares direitos, como é o caso do acesso à educação.

7. A CNASTI tem como objectivo fundamental a erradicação da exploração do trabalho infantil, mas não pode esquecer os problemas sociais que marcam toda a vida das nossas crianças. A criança é um todo e nenhum aspecto da sua vida pode ser ignorado. A CNASTI continua e continuará empenhada, unida a um conjunto de ONG’s nacionais e internacionais, na defesa intransigente dos mais elementares direitos de todas as crianças.

8. É tempo de fazermos mais e falarmos menos. No papel já escrevemos muitos propósitos, foram publicadas leis e acordos. É tempo de os pôr em prática. Que este não seja mais um dia mundial que passa, mas que sirva para que cada cidadão e governantes do nosso país em particular e do mundo em geral, se questionarem e sejam capazes de fazer algo para construir um mundo onde todas as crianças tenham vez e voz. Lutemos, todos juntos, para que cada criança possa ter direito a ser feliz independentemente da sua cor, etnia ou religião.
Cada criança vale mais que todo o dinheiro do mundo.

Braga, 31 de Maio de 2002
P’la Direcção Executiva da CNASTI
A Presidente
Teresa de Jesus Rodrigues Costa


Fonte Ecclesia

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