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À PROCURA DA PALAVRA: Domingo IX do tempo comum: O QUE NÃO SE VÊ
2002-06-02 00:07:50

“As palavras que eu vos digo,
gravai-as no vosso coração e na vossa alma.”
Deut 11, 18

Somos todos um pouco descrentes daquilo que não vemos. Para uma coisa ser verdade precisa de uma operação de marketing, semelhante à campanha de qualquer desodorizante. Bem anunciada, trombetas a soar alto, fotos na capa de jornais e revistas.

O importante é dar nas vistas, custe o que custar! Ainda que, daí a dias, se descubra que não passava de um balão cheio de vento. Valeu enquanto esteve no topo das “verdades consumíveis e passageiras”.


Indigno-me com este viver de “usar e deitar fora” que embrutece as pessoas e nos torna tão frágeis, quase impotentes para ver além da aparência.

E volto à fonte do Evangelho que, até na arte da construção civil oferece lições elementares: são os alicerces da casa que lhe dão solidez! É precisamente aquilo que é invisível, que está mergulhado na terra, que naturalmente se constrói primeiro, o que permite a beleza e a confiança de não caírem as paredes que estamos a construir. Como na nossa vida, a excessiva preocupação com o exterior, com a aparência, o luxo, os títulos, o consumo, a dita “vida social” (que é mais “morte” do que “vida”!) está condenada ao desabamento. E até muitos sinais religiosos exteriores, quando não são expressão de uma vida autêntica, são desertos onde é difícil nascerem flores!

Existe um verdadeiro “culto da aparência”. Como é difícil para os pais e educadores ajudarem as crianças a valorizarem-se e a valorizarem os outros por critérios que não sejam as roupas, os carros, as modas! Talvez pela importância desmesurada que eles próprios dão a tudo isso! Ou então, como é fácil coexistirem procedimentos injustos no trabalho e nas responsabilidades sociais ( onde conta ganhar o máximo dinheiro possível, ainda que se acumulem “tachos” e pouco se trabalhe, ou se saibam as mais engenhosas artimanhas para escapar aos impostos) com práticas religiosas que “ficam bem”! Continua válido o rifão: “Quem não vive como pensa, acaba por pensar como vive.”

Porque Deus vê os corações, não adianta muito andar com máscaras diante d’Ele. Não é por acaso que Jesus nos especializou nessa arte de viver na transparência. As palavras que Ele grava no nosso coração são para se tornarem vida. Com custo, sim, porque é mais fácil viver ao sabor da ocasião ou acomodarmo-nos ao que parece. Para Deus não há distinção de “praticantes e não-praticantes”: há os que amam, os que procuram, os que perdoam, os que animam, os que espalham alegria, os que amam a verdade, os que celebram, e todos os que andam um pouco perdidos do essencial! Aqueles que só precisam de receber um pouco de amor (que às vezes é uma simples palavra: “acorda!”) para descobrirem o muito que há neles para dar!

P. Vítor Gonçalves


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