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Igreja usa pílula antipedofilia
2002-05-31 12:04:52

Depo-Provera: este contraceptivo tão criticado pela Igreja Católica tem sido utilizado, nos últimos anos, no tratamento de padres pedófilos nos Estados Unidos, funcionando como uma espécie de "castração química".


E, pelo menos enquanto é tomado, a par do necessário acompanhamento psicológico, tem resultados positivos na diminuição do apetite sexual dos sacerdotes, como têm noticiado os media norte-americanos. O pior, como já se viu nalguns casos, é o perigo da reincidência, por via da suspensão do tratamento.

Nos vários centros espalhados pelos EUA para onde são enviados padres com desvios sexuais, "The Shot" ("A Dose"), como o Depo-Provera é conhecido, tem servido para diminuir os níveis de testosterona dos padres faltosos, na medida em que a sua substância activa é uma hormona sintética similar à hormona natural progesterona.

A posologia deste medicamento injectável, na sua vertente de terapia hormonal para padres, varia consoante a gravidade do problema sexual detectado (semanal, quinzenal ou mensalmente).

No caso das mulheres, usado como contraceptivo de três em três meses, a sua eficácia é quase garantida a cem por cento.

A administração de Depo-Provera e tudo o resto que envolve o tratamento dos padres com problemas sexuais nos EUA custam centenas de dólares por dia, verba paga pelas dioceses ou pelas ordens religiosas a que os sacerdotes pertencem. Os tratamentos costumam durar entre seis e nove meses. O acompanhamento regular posterior prolonga-se, em média, por períodos de cinco anos.

Estas regras de tratamento (feminização das hormonas e acompanhamento psicológico, nomeadamente), são, portanto, mais "científicas" do que as que existiam há três, quatro décadas, época durante a qual terá sido praticada a maioria dos casos de pedofilia envolvendo padres católicos.

Dantes, nos centros de tratamento, como o dos Servants of the Paraclete (Servos de Paráclito), a aposta incidia numa cura de descanso, meditação, orações, até aulas de cerâmica, mas pouca terapia: só uma hora por semana de acompanhamento psicológico individual. Os resultados não terão sido os melhores: o programa para padres com problemas sexuais naquele centro, fundado em 1947 pelo padre Gerald Fitzgerald em Jemez Springs (Novo México), acabou por ser encerrado em 1995, após começar em 1976. Por lá passaram cerca de 500 padres faltosos, como o pedófilo David Holley, do Novo México, que acabaria por ser condenado a 275 anos de prisão.

Mas o empenho da Igreja Católica em acompanhar os padres faltosos, apesar de em alguns casos o silêncio da hierarquia ter imperado, como agora se sabe, não esmoreceu. Em 1981, o padre e psiquiatra Michael R. Peterson, homossexual que viria a morrer de sida em 1987, fundou, em Silver Spring (Maryland), o Saint Luke Institute (Instituto de São Lucas), para tratar sacerdotes vítimas de alcoolismo e com problemas sexuais. Este centro tem capacidade para 70 pessoas, beneficia de um orçamento anual de 6,1 milhões de dólares e também ministra Depo-Provera aos seus pacientes. Entre 1997 e 2002 foram lá tratados 121 padres.

A importância dos seminários também não é esquecida. Por exemplo, no Christian Institute for the Study of Human Sexuality (Instituto Cristão para o Estudo da Sexualidade Humana), fundado pelo padre jesuíta e psiquiatra James J. Gill em 1995, em Chicago, peritos em psicologia, medicina e teologia ensinam futuros formadores dos seminários a lidar com a sexualidade dos estudantes. Até agora, já por lá passaram cerca de 700 formadores. Segundo Sipe, não basta rezar para curar desvios sexuais graves.


Fonte DN

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