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Bispos criticam empresários
2002-05-21 08:53:28

A Igreja apela à responsabilidade de todos pela vida, apontando o dedo também aos empresários que não garantem segurança aos trabalhadores e poluem o ambiente. "São responsáveis pela falta de atenção, superficialidade e incompetência", diz a Comissão Episcopal para a Família, pela voz do seu presidente, D. António Monteiro, bispo de Viseu, para assinalar a Semana da Vida que hoje arranca por iniciativa da Igreja Católica.


Embora o aborto tenha sido um dos assuntos mais abordados, no âmbito desta Semana, este ano a Comissão Episcopal para a Família - entidade da Conferência Episcopal a quem está atribuída a organização - decidiu abordar assuntos mais concretos do dia a dia: "O risco que correm vidas sem conta nas estradas, as vidas em crise de doentes, feridos, em situações limite nos hospitais e noutros lugares de socorro, as vidas expostas a perigos graves, em lugares de trabalho, as vidas em ambientes degradados que vão minando gravemente a saúde das pessoas e que as levam à morte."

Isto para dizer que "destas situações todos somos responsáveis". E especifica: "Os que andamos nas estradas (condutores e peões), os médicos, os enfermeiros, técnicos e todos os responsáveis da saúde, os empresários e empregadores de pessoas, bem como aqueles que degradam os nossos ambientes ou disso são causa."

O alerta tem raízes teológicas. Conforme refere a comissão episcopal em comunicado, "a vida é também um valor divino, porque é dom que nos vem do próprio Deus, fonte de vida".

E, neste sentido, defendendo a Igreja que a responsabilidade da vida é revelada pelo próprio Deus, então, todos, e nesta óptica especialmente os crentes, devem comprometer-se a defendê-la, "sobretudo quando está ameaçada ou fica em perigo, e ainda mais quando criminosamente ela é arrebatada ao ser humano".

Nesta perspectiva, o egoísmo, o exibicionismo, o espíríto de competição, a falta de atenção, a superficilidade e incompetência, o lucro e interesse a todo o custo, o comodismo, são apontados como os principais factores "que a amortecem a responsabilidade em relação à vida".

E são referidos alguns agentescomo tendo responsabilidades concretas. É feita uma chamada de atenção especial aos condutores e, não com menos pertinência, ou talvez com mais, porque é a primera referência explícita da Igreja portuguesa, aos empresários que poluem o ambiente e não garantem condições de segurança aos seus trabalhadores.

Tal como já nos havíamos referido aqui em relação ao Dia Mundia de Luta Contra Sida, também nesta iniciativa uma instância da conferência episcopal veio a público com uma nota pastoral abordando assuntos concretos dos cidadãos, sem deambulações teológicas, e com uma linguagem simples e denunciadora.

Já a propósito da Sida se tinha dito que paira no ar um novo estilo de aproximação à sociedade por parte dos bispos. O documento sobre a Semana da Vida corrobora a ideia de uma Igreja que pretende apresentar-se como uma parceira social atenta, e que fala para quem é o legítimo destinário dos seus discursos: o povo.

Desta vez a sua mensagem apela sobretudo à responsabilidade individual pela vida porque a acção de cada um reflecte-se sempre "na vida de cada um dos semelhantes", diz a Igreja.

Foi a partir de 1991 que a Semana da Vida entrou no calendário anual das dioceses. À data, João Paulo II pediu que, em todos os países do mundo, se promovesse a celebração de um Dia ou de uma Semana dedicada ao tema. Pedido que foi renovado de uma forma mais institucional e vinculativa através da encíclica "Evangelho da Vida", em 1995.

Desde então para cá, em todos as comunidades católicas se escolhe um tema, promove-se debates e se assinalam iniciativas simbólicas, sempre relacionadas com o direito à vida. Neste contexto, o Patriarcado de Lisboa, por exemplo, recolheu fundos para criar duas maternidades em Timor, uma em Baucau e outra em Dili.

Fonte DN

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