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Cardeal Ratzinger admite possibilidade de João Paulo II abdicar
2002-05-17 08:49:28

O cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, admitiu a possibilidade de o Papa João Paulo II abdicar, caso o seu estado de saúde se agrave.

"Se o Papa perceber que não pode continuar, então afasta-se", disse este prelado, uma das principais figuras da hierarquia do Vaticano, numa entrevista publicada no último número do semanário religioso alemão "Muenchner Kirchenzeitung".

A poucos dias do 82º aniversário de João Paulo II - celebra-se amanhã -, Ratzinger, que é alemão, comentou o estado de saúde do Papa. "Está mais tranquilo, fala menos. Mas continua a ouvir atentamente e coloca questões que permitem vermos até que ponto ainda está lúcido."

Não foi a primeira vez que Ratzinger fez uma alusão à possibilidade de João Paulo II abdicar. No passado, já o tinha sugerido. Agora, defendeu o afastamento do Papa caso a saúde deste volte a deteriorar-se. Outro cardeal alemão, Karl Lehmann, fez referências idênticas e, ontem, um terceiro elemento da cúpula da Igreja Católica juntou-se a este grupo. Oscar Rodriguez Maradiaga disse em Roma ter a certeza de que o Papa terá "coragem" para se afastar, caso perceba que a sua saúde não lhe permite prosseguir o ministério.

"O Papa sente a responsabilidade do seu ministério e, no dia em que sentir que não pode continuar, parará", disse Rodriguez Maradiaga, o arcebispo de Tegucigalpa, nas Honduras, que esteve em Roma apara receber um doutoramento honorário.

Os pontificados têm regras semelhantes às das monarquias - os papas são-no até morrer, mas podem abdicar da função. Aconteceu apenas duas vezes na história da Igreja Católica: em 1294, Celestino V abandonou o cargo voluntariamente; em 1415, Gregório XII foi forçado a abdicar depois de uma disputa com outro pretendente ao lugar.

O Papa João Paulo II, que sofre de doença de Parkinson e tem problemas de mobilidade, disse na quarta-feira pretender "continuar com lealdade" o "ministério que o Senhor" lhe deu. Ontem, cumpriu o programa oficial pré-estabelecido, recebendo o Presidente chileno, Ricardo Lagos, um grupo de bispos equatorianos e representantes de grupos missionários.

Apesar de ser visível o contínuo declínio do seu estado de saúde, e da persistência com que responsáveis do topo da hierarquia de Roma falam de abdicação, João Paulo II planeia recomeçar a viajar na próxima semana - estão planeadas visitas ao Azerbaijão, à Bulgária e à Polónia, onde nasceu.

Precisamente devido a problemas de saúde, o Papa interrompeu as viagens durante oito meses. Durante este tempo, João Paulo II saiu do Vaticano apenas duas vezes. Uma em Janeiro, para presidir, em Assis (no Centro de Itália), a uma jornada de padres pela paz; outra no dia 5 de Maio, para ir a Ischia, junto a Nápoles (Sul). Em Ischia, o Papa apareceu em público muito fatigado, não conseguindo esconder o sofrimento quando surgiram os momentos de falar ou de caminhar.


Fonte Público

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