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MEDO DE BOMBAS NA COVA DA IRIA
2002-05-14 19:25:09

Uma “ameaça” de bomba e uma homilia que mais parecia um discurso político marcaram ontem as celebrações finais da Peregrinação Internacional Aniversária a Fátima que, segundo a estatística da PSP, levou à Cova da Iria meio milhão de peregrinos e cem mil automóveis.

Poucos minutos depois da imagem de Nossa Senhora de Fátima deixar a Capelinha das Aparições com destino ao altar do recinto, um embrulho suspeito apareceu nas traseiras da colunata Sul, uma das principais saídas do espaço de oração, obrigando ao isolamento da zona e à intervenção de uma equipa da Brigada de Inactivação de Engenhos Explosivos e Segurança no Subsolo da PSP. A intervenção da PSP, que foi bastante aparatosa e se prolongou por duas horas, não prejudicou as celebrações, mas condicionou a mobilidade dos peregrinos, por ter vedado um dos acessos ao recinto de oração. O engenho foi deflagrado, com recurso a material explosivo e verificou-se que se tratava de uma pilha de uma máquina de filmar. "Tinha algo de estranho, com ligações internas e demonstrações exteriores, como uma antena", disse o comandante da PSP, superintendente Levy Correia. O comandante da PSP "não comenta" as informações que atribuem a autoria da "brincadeira de mau gosto" a um indivíduo credenciado como jornalista, limitando-se a revelar que a Brigada de Investigação Criminal tem "boas pistas que encaminham seriamente" para o autor.

Discurso político

Enquanto os 'homens-rã' da PSP neutralizavam e destruíam o embrulho suspeito, no interior do recinto os peregrinos assistiam à missa, concelebrada por 359 padres, 17 bispos, 6 diáconos e 32 acólitos, sob a presidência do arcebispo de Colónia, cardeal Joachim Meisner. Debaixo de uma chuva intensa e persistente, o cardeal alemão 'transportou' os peregrinos para os cenários de guerra que se vivem na Palestina e revelou uma "imagem de um ódio que parece invencível", onde só um "milagre" de Nossa Senhora de Fátima permitirá "vencer as muralhas" e alcançar a "reconciliação entre aqueles povos" em permanente conflito. Em Jerusalém, "pátria terrestre" de Maria e de Jesus, "ouviram-se tiros. Um pensamento inacreditável", disse o cardeal Joachim Meisner, atribuindo aos cristãos a "grande responsabilidade" de "garantir a paz na terra" e acabar com a política do "olho por olho, dente por dente", também conhecida como lei de Talião. Aos portugueses em concreto, o presidente da peregrinação pediu "obediência", para garantir à Europa e ao Mundo inteiro "uma cultura de paz e da vida". Portugal "não é propriamente uma grande e forte potência europeia, sem sentido material, mas foi a partir daqui que a Europa conseguiu de novo a sua liberdade", referiu. Dividida em seis temas distintos, a homilia do presidente da peregrinação caracterizou-se pelos 'recados' que enviou aos decisores políticos de vários países, mas também aos críticos da própria estrutura da Igreja que defendem a renúncia do Papa João Paulo II. Joachim Meisner disse que "sem o Papa João Paulo II não teriam caído os muros e os arames farpados do comunismo, não teriam sido abertas as prisões e o 'gulags', persistiria ainda hoje o muro de Berlim", que "continuaria a dividir a cidade” e o continente europeu. Mas esse esforço ficou marcado com "sangue", pois houve quem quisesse "impedir a llibertação da Europa do ateísmo" e disparasse tiros na Praça de São Pedro, em Roma, contra o Papa, no dia de Fátima, 13 de Maio de 1981. "A partir daqui, Nossa Senhora de Fátima salvou a vida do Papa, para que ele e Ela cumprissem a sua missão de trazer a verdadeira liberdade à Europa", afirmou o cardeal. Um dos pontos fortes da mensagem do cardeal Meisner foi a liberdade religiosa, que considerou "a mais vulnerável e a mais importante forma da humana liberdade". O respeito por ela é garantia do respeito de "todos os direitos humanos entre as nações". A partir de Fátima, no extremo ocidental da Europa, Maria levou o "bem precioso da liberdade religiosa" até ao extremo Leste da Europa, a Rússia, e agora é tempo de "todos os cristãos da Rússia" cumprirem a missão de levar a liberdade religiosa à China e aos seus quase dois mil milhões de habitantes. Eles, os russos, "não se podem deixar ultrapassar, no respeito e veneração pela liberdade religiosa, dentro do seu próprio país", pois Maria "quer levar também aos chineses" esse dom, avisou o cardeal Meisner, que já se encontrava em Colónia quando caiu o muro de Berlim, em 1989.

Elogios aos pastorinhos

A coragem e a valentia dos beatos Francisco e Jacinta mereceram também uma palavra do arcebispo de Colónia, que salientou ainda a actualidade da mensagem de Maria, uma vez que "há ainda, em todo o Mundo, muitos mais cristãos perseguidos, nomeadamente católicos, do que podemos superficialmente dar-nos conta". A terminar, o presidente da peregrinação pediu aos peregrinos para "levarem a liberdade ao centro do Continente" e, dirigindo-se em concreto aos portugueses, disse-lhes para serem "um povo de salvação" e permanecerem "fiéis" à sua vocação como povo da Virgem Maria. Com a fé reforçada, os peregrinos participaram a seguir na comunhão e pouco depois terminava a eucaristia, com os fiéis a acenar com lenços ou bandeirinhas brancos à imagem de Nossa Senhora de Fátima, que voltava para a Capelinha das Aparições. O adeus encerrou a peregrinação do 13 de Maio, que desde ontem, por decisão do Papa João Paulo II, é o dia dedicado a Nossa Senhora de Fátima e celebra-se em todo o Mundo, por ter sido inscrito no calendário litúrgico da Igreja Universal.


Fonte CM

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