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Baptizados crescem mas apenas entre adultos
2000-11-29 22:04:04

A Igreja Católica portuguesa está surpresa com o aumento do número de baptizados em adultos. Em 1979 realizaram-se 1.545 e em 1998 o número subiu para 6.281. Também aqui, a tradição já não é o que era. De acordo com dados recolhidos nos Anuários Estatísticos da Igreja, a subida anual dos baptizados na idade adulta, inscritos na categoria de mais de sete anos, contrasta com a diminuição destes actos religiosos no período entre os zero e os sete anos.


Entre 1979, segundo o anuário mais antigo disponível na Conferência Episcopal Portuguesa, e 1998, o mais recente, o número de baptizados entre os zero e os sete anos tem vindo a descer, de 161.171 para 94.309, de acordo com o mesmo período.

Questionar a religião
Esta mudança de hábitos não se regista só em Portugal. Segundo a mesma fonte, a Europa comunga desta tendência. Em 1979 foram baptizadas em toda a Europa 3.649.884 crianças, com idades entre os zero e os sete anos, mas em 1998 apenas 2.531.314 cumpriram este acto.
Na categoria de mais de sete anos, o número subiu de 21.976 em 1979 para 80.096 em 1998, chegando a ser de 92.146 em 1996.
Na opinião do sociólogo Luís Marinho Antunes, que dirige o Centro de Estudos Sociais e Pastorais da Universidade Católica, há várias hipóteses para fundamentar este "novo fenómeno", que consiste, sobretudo, no aumento contínuo do número de baptizados em idade adulta.
Mas por partes: para justificar a diminuição do número de baptizados em crianças com idades entre os zero e os sete anos, este sociólogo aponta os efeitos da secularização da sociedade portuguesa.
Esta secularização caracteriza-se no facto de cada vez mais os cidadãos questionarem a religião dominante (católica, no caso de Portugal) e porem em causa alguns dos seus ritos. Não é só o número de baptizados, em crianças, que está a diminuir, o número de casamentos católicos também.
Este é, no entanto, um fenómeno mais ou menos acentuado consoante o grau de escolaridade e as capacidades económicas das pessoas e a região do país. No Norte, as tradições mantêm-se mais inalteradas, ao contrário do que sucede nos grandes meios urbanos.
Apesar da secularização e dos seus efeitos, a sociedade permanece crente. De acordo com Luís Marinho Antunes, que cita dados recentes, entre 85 a 90% da população portuguesa é católica embora esteja afastada da igreja, sendo que apenas 26% dos crentes frequentam a missa ao domingo.

Sentir-se autónomo
"As pessoas são católicas à sua maneira", justifica o sociólogo, para adiantar que tal representa a "subjectivização" de como é entendida a religião. Ou seja, cada pessoa sente-se autónoma para decidir o que considera ser para si o mais adequado. Assim se justifica que uma pessoa se diga católica e nunca ponha os pés numa igreja.


Fonte JN

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