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Fátima: os 85 anos das aparições
2002-05-13 09:55:26

Fátima está a comemorar o 85.º aniversário das aparições na Cova da Iria. Estes anos foram atravessados pelos pontificados de sete Papas, por revoluções, guerras mundiais, quedas de muros e conflitos regionais. Por muita destruição e reconstruções múltiplas, por incertezas e também por alguma esperança.


Consubstanciada no testemunho de três crianças analfabetas, a Mensagem de Fátima foi e continua a ser um sinal contra a corrente de culturas e ritmos de vida da humanidade. Até a Igreja Católica, com a sua prudência sábia, levou treze anos a considerar "como dignas de crédito as visões na Cova da Iria". Crédito condicionado, pois, como é sabido, nenhum católico poderá ser acusado de heresia ao declarar-se incrédulo perante as alegadas aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, pela simples razão de nenhum Papa as ter proclamado dogma de fé. O mistério, alimentado com a chamada terceira parte do segredo - que tardou ser revelada -, tem sido motivo de contestação. Os detractores de Fátima mobilizam-se para questionar a dimensão sobrenatural das aparições e a autenticidade da própria mensagem. Para estes observadores, o que terá ocorrido na Cova da Iria não passa de um fenómeno ligado à ovnilogia ou à parapsicologia, senão mesmo de uma fraude.

Naturalmente não é esta a opinião dos Papas Paulo VI e de João Paulo II que se fizerem peregrinos entre os peregrinos de Fátima. Mais: não é aquela a visão do Papa Wojtyla quando ele próprio liga a sua história pessoal ao conteúdo da Mensagem de Fátima e decide beatificar os videntes Francisco e Jacinta Marto. Igualmente, não foi esse o entendimento do Papa Paulo VI quando no final da terceira sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II proclamou Nossa Senhora Mãe da Igreja, recordou a consagração do mundo feita por Pio XII e anunciou a concessão da Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima.

Ao longo de todos estes anos, Fátima tem sido objecto de imensos estudos e tratados, contra e a favor. Nas páginas seguintes damos conta de diversos olhares sobre o fenómeno que não cessa de mobilizar multidões de fé. Manifestações também elas objecto de estudo e reflexão teológica que, por muito doutas que sejam, não resistem à densidade do exemplo dos simples.

Um amigo, na casa dos 60 anos, nada dado a coisas da religião, há dias entendeu fazer-me uma confidência surpreendente: "Sabes, de há três anos para cá, sempre que vou à campa de minha mãe, ao Norte, no regresso, passo por Fátima e fico a contemplar a capelinha onde me detenho à conversa com a Senhora. Falo-lhe de mim, das minhas coisas... Depois volto a Lisboa, reconfortado."

Certa noite, de um dia 12 Maio, o bispo de Leiria deambulava pelo Santuário de Fátima, procurando inteirar-se do bem-estar dos peregrinos para oferecer pernoita aos que dela necessitassem. Ao ver um ancião junto à capelinha, meteu conversa. Tratava-se de um agricultor minhoto, com mais de 80 anos, que, há mais de 30, ia a Fátima a pé, sempre nas peregrinações aniversárias. Ofereceu-lhe dormida para que não ficasse ao relento, em noite chuvosa. Que não, muito obrigado, respondeu-lhe o velho peregrino. Logo a seguir, perante a surpresa do prelado, disparou: "Quando acabar a procissão das velas volto para a minha terra, porque isto amanhã é para os padres..."

Nestas duas histórias simples, poetas encontrariam motivo de inspiração, teólogos razões para longas dissertações, detractores matéria para contestação. Por mim, creio que a resposta a todos é dada pelo povo nas peregrinações em Fátima.

Fonte DN

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