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PRIMEIRA COMUNHÃO SÓ AOS NOVE ANOS
2002-05-07 00:00:35

O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, defendeu ontem o retardamento dos sacramentos da Primeira Comunhão e Profissão de Fé como uma forma de se promover uma formação mais profunda e consciente dos cristãos, que permita contrariar a actual tendência de os jovens se afastarem precocemente da Igreja.

É preciso ter mais consciência do que se está a fazer, para que no futuro se consiga obter outros níveis de adesão das pessoas", sublinhou D. Jorge, no encontro anual que a diocese realiza com a Imprensa no âmbito do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se comemora no próximo dia 12, tendo a Internet e a juventude como temas centrais. Actualmente ministrada aos 7 anos de idade - dois anos após o início da catequese -, a Primeira Comunhão poderá vir a passar para os 9 ou 10 anos de idade, levando simultaneamente a que a cerimónia da Profissão de Fé se realize depois dos 14 anos - idade a que normalmente acontece o Crisma, que marca o 'fim' do percurso normal na catequese. Mas antes disso, ainda é preciso acabar com as velhas situações do catecismo ser 'dado' quinze dias antes dos sacramentos. "Mais do que muita gente a fazer os sacramentos, queremos que haja uma maior adesão e participação das pessoas na Igreja. Acredito que conseguiremos isso com uma preparação mais cuidada e profunda das crianças", sustentou D. Jorge. Por outro lado, o prelado desvalorizou a ideia de que o atraso na administração dos sacramentos possa afugentar ainda mais a juventude, realçando que, actualmente, os jovens acabam por deixar a vida religiosa logo após o Crisma. Além disso, no que toca à aceleração do desenvolvimento e amadurecimento das crianças graças às novas tecnologias e maiores níveis de cultura da sociedade, na Igreja assiste-se a um fenómeno inverso, conforme tem constatado o Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) nas discussões sobre a revisão do Catecismo. É que as crianças, quando entram na catequese, mostram cada vez menos conhecimentos religiosos, o que estará relacionado com uma menor vivência de fé por parte da família. "Vivemos num Mundo onde a religiosidade marca muito a vida das pessoas, mas muitas vezes sem que isso tenha qualquer conteúdo. Pesam mais as tradições, do que a fé", sublinhou D. Jorge, defendendo a necessidade de implementar um processo "para que as pessoas adiram a Cristo de forma personalizada". Para isso, o Arcebispo bracarense considerou que é fundamental reflectir sobre "como transmitir hoje a fé", lembrando que "cada época tem um Mundo diferente, para o qual são necessários novos métodos e novas opções de comunicação, como sempre aconteceu ao longo dos tempos". Os jovens surgem no centro das preocupações da Igreja, razão pela qual a comemoração do 36.º Dia Mundial das Comunicações Sociais vai destacar a Internet, enquanto "novo espaço para a proclamação do Evangelho". O tema vai ainda dominar as Jornadas Diocesanas marcadas para 18 de Julho, sob a evocação do novo beato Frei D. Bartolomeu dos Mártires, um antigo 'arcebispo de Braga e das Espanhas'. Neste campo, destaca-se ainda o Forum da Juventude que terá lugar em Outubro, no qual será debatido um inquérito que está a ser realizado pela Universidade Católica aos jovens da região. A aposta da diocese na formação vai ainda estender-se aos leigos adultos, tendo em vista a sua preparação para assumirem funções de diaconado, podendo assim substituir os sacerdotes nas mais diversas celebrações religiosas, com excepção para a confissão e a Eucaristia. É uma tentativa de resposta à cada vez mais sentida falta de padres, estando já criada uma comissão chefiada pelo Bispo Auxiliar D. António Marto, para "incrementar com a brevidade possível um plano geral de formação dos leigos cristãos na Arquidiocese". Também os padres serão alvo de um programa especial de formação permanente, num esforço que se estende igualmente aos membros dos conselhos paroquiais e económicos (comissões fabriqueiras), em face da sua cada vez mais necessária colaboração com os párocos.

Fonte CM

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