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Europa em crise religiosa
2002-04-28 15:09:53

Quatro dioceses europeias - Viena, Paris, Lisboa e Bruxelas - vão promover um congresso internacional que tem como objectivo pensar a reevangelização do Velho Continente. A apresentação da iniciativa realiza-se no sábado na capital austríaca, contando com a presença dos quatro cardeais, bispos titulares das respectivas metrópoles.


Por agora, trata-se de dar a conhecer a dinâmica do intitulado "Congresso Internacional para a nova Evangelização". O início será na Primavera de 2003, na arquidiocese de Viena, prosseguindo, nos anos seguintes, em Paris, Lisboa e Bruxelas. Assim, a capital portuguesa receberá este evento em 2005, terminando na Bégica, em 2006.

Em cada uma das grandes metrópoles, os trabalhos serão divididos em duas áreas. Por um lado, haverá uma parte teórica, com debates em volta da nova evangelização. Várias personalidades, nacionais e internacionais, irão versar sobre o tema. Simultaneamente, será realizada uma parte prática, envolvendo algumas paróquias, com exemplos do que poderá ser a intervenção pastoral em espaços urbanos.

Para coordenar esta experiência pastoral, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, convidou a Comunidade Emanuel, um movimento eclesial fundamentalmente formado por leigos, conotado com os denominados movimentos carismáticos. O grupo que está a preparar os trabalhos é formado pelo cónego Carlos Paes (coordenador), padre Jardim Gonçalves (director do departamento de comunicação social do Patriarcado), Frei José Manuel Silva Nunes (director do departamento de animação missionária), padre Mário Rui Leal Pedra (vigário no Patriarcado), padre Carlos Azevedo (pároco), João Baltazar Carmona (diácono), Jorge Braga (leigo) e Horário Lopes (moderador da Comunidade Emanuel).

O objectivo desta acção é duplo, de acordo com um comunicado assinado pelos quatro cardeais envolvidos. O primeiro é fornecer aos agentes eclesiais da missão uma ocasião regular para se encontrarem, reflectirem, trocarem informações e experiências. O segundo é promover a nova evangelização nas grandes metrópoles e renovar as paróquias através da missão.

Este é um desafio para um continente cada vez mais envelhecido e afastado da prática religiosa.

Nos Países Baixos, por exemplo, no ano de 1900, apenas um por cento da população se afirmava desligado de qualquer confissão religiosa. Em 1958 esse número aumentou para 24 por cento. Em 1991, atingiu os 58 por cento, sendo que chegou aos 72 por cento entre os jovens dos 21 aos 30 anos.

Na Alemanha, entre 1991 e 1995, dois milhões de cristãos abandonaram as suas igrejas, exactamente o dobro do que aconteceu entre 1986 e 1990.

Na Bélgica, em 1950, mais de metade da população ia à missa ao domingo. Em 1995, só 13 por cento mantêm essa tradição. Calcula-se que hoje um em cada dois jovens com menos de 25 anos está desligado de qualquer comunidade religiosa.

Em Itália, a prática dominical é ainda mantida por 43 por cento da população, mas em França o número baixa para oito por cento. Em Espanha, a participação nas missas baixou de 87 para 53 por cento.

Em Portugal, os números são mais recentes e evidenciam um decréscimo ao ritmo europeu. O caso que mais se destaca é, porventura, o da ilha da Madeira. Entre 1991 e 2001, a prática dominical baixou 24 por cento, enquanto a média do Continente foi de 15 por cento.

Na diocese do Funchal, de acordo com o recenseamento dominical de 1991, para cada homem presente nas missas havia 2,05 mulheres. O recenseamento de 2001 revela que a proporção é agora de um homem para 1,95 mulheres. A "perda" das mulheres pode significar os mesmos sintomas já verificados antes com os jovens e os operários.

Esta é a realidade da Europa. O congresso que se vai realizar entre 2003 e 2006, em quatro grandes dioceses do Velho Continente, terá, com certeza, a preocupação de contrariar esta tendência.

Fonte DN

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