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Os culpados e os inocentes
2002-04-25 12:24:48

Dos cerca de cinquenta mil padres americanos, quase uma centena terá sido acusada de abuso em matéria sexual ao longo destes últimos trinta anos. Trata-se, na maior parte dos casos, de mera acusação e não de condenação em tribunal, o que sempre deve presumir a inocência numa matéria tão unanimemente repudiada como a pedofilia, onde a queixa facilmente tem origem patológica.


Tudo isto se passa numa terra em que o maior espectáculo de televisão dos últimos anos foi o julgamento de abusos sexuais do então Presidente Clinton. O escândalo não proveio do cidadão Bill Clinton mas do cargo que desempenhava no país mais desconcertante e porventura mais contraditório em termos de moralismo.
Mas há outro elemento que importa juntar a este todo: o dinheiro. Os silêncios que foram encobrindo alguns desvios e abusos, visavam evitar o escândalo e as copiosas indemnizações que os tribunais americanos exigem para com as vítimas de abuso sexual. E aconteceu que quando, se desencadeou o processo de publicitação dos abusos cometidos, não faltaram reclamantes obviamente interessados na compensação monetária por danos morais.
Importa considerar este todo e ao mesmo tempo reflectir com objectividade sobre os desvios praticados e que tiveram como alvo crianças ou adolescentes. O facto reveste-se de uma baixeza ignóbil, com uma inequívoca condenação por parte da moral cristã, tanto mais que tem alguma proximidade com o sagrado. Alguns dos presumíveis agentes terão usado do seu poder espiritual para seduzir inocentes, mesmo que com uso de razão.
Também é verdade que os media encontram nesta matéria abundante pasto informativo que, tratando subtilmente com o interdito, o tabu, o moralismo apressado e a ligação à classe eclesiástica, constitui prato forte de qualquer jornal ou telejornal. A narrativa não é tão inocente como pretende fazer-se passar. Mas é um sinal positivo de que existe unanimidade total sobre o direito que as crianças têm à sua integridade moral e física. Convém não esquecer, todavia, que esse direito não se esgota na condenação aos atentados em causa. Tem uma gama muito mais vasta no campo das propostas que a sociedade de hoje faz às crianças e adolescentes em matéria de sexualidade.
Estamos perante uma matéria em que importa separar o trigo do joio para que o frenético moralismo de alguns não crie a imoralidade da calúnia e da mentira lançando uma suspeita generalizada sobre quem tem dado provas inequívocas de serviço à comunidade.

António Rego


Fonte Ecclesia

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