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Papa Diz Que Não Há Lugar para Padres Pedófilos
2002-04-24 15:38:02

O Papa João Paulo II disse ontem, no Vaticano, que "não há lugar, no sacerdócio e na vida religiosa" para padres que maltratam menores, ao mesmo tempo que condenava vigorosamente a pedofilia como um "crime" e também "um terrível pecado aos olhos de Deus".

Declarando-se "profundamente consternado com o facto de padres e religiosos, cuja vocação é ajudar as pessoas a viver vidas santificadas aos olhos de Deus", terem também eles próprios causado "tanto sofrimento e escândalo", João Paulo II exprimiu "às vítimas e às suas famílias, onde quer que estejam", o seu "profundo sentido de solidariedade e preocupação".

O Papa Wojtyla admitiu que, "por causa dos grandes danos causados por tantos padres e religiosos, a Igreja é olhada com desconfiança e muitos estão ofendidos com o modo como os seus responsáveis actuaram neste assunto". Mas esta afirmação não o levou a falar, em concreto, sobre um dos temas polémicos que tem estado no centro da polémica nos Estados Unidos: saber se o cardeal Bernard Law, arcebispo de Boston, deve ou não resignar ao seu cargo. Law, uma das personalidades da hierarquia católica mais prestigiadas nos EUA, tem sido acusado de encobrir vários padres acusados de pedofilia e não os denunciar às autoridades.

Pelo contrário: numa alusão ao tema, já na parte final do curto discurso, João Paulo II acrescentou que os bispos "devem continuar entre os seus padres e o povo como homens que inspiram uma confiança profunda". Defendendo que há "uma falta geral de conhecimento sobre a natureza do problema", o Papa acrescentou que os conselhos de alguns peritos "também conduziu os bispos a tomar decisões que os acontecimentos viriam a demonstrar estar erradas".

De acordo com os jornais americanos dos últimos dias, vários dos colegas de Law iriam pedir no Vaticano a saída do arcebispo de Boston. "Se a Santa Sé quer dar um forte sinal, Law tem que ser substituído", dizia segunda-feira, ao "Los Angeles Times", um dos participantes, não identificado, na cimeira do Vaticano. Mas ,na cadeia de televisão ABC, o arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, considerou que se deveria "dar uma segunda possibilidade" ao seu colega de Boston.

Ao mesmo tempo, o Papa referiu-se à "imensa bondade espiritual e social" do trabalho que tem sido feito pela Igreja Católica nos Estados Unidos, que reúne 65 milhões de pessoas, afirmando que isso não deve ser ofuscado pela crise que agora se atravessa. "Uma grande obra de arte pode ser imperfeita, mas a sua beleza permanece. Esta é a verdade que toda a crítica intelectualmente honesta reconhecerá."

No discurso de ontem, o Papa considerou ainda que o abuso de menores é "um grave sintoma de uma crise que afecta não só a Igreja, mas a sociedade no seu conjunto". Está em causa, disse, "uma profunda crise da moral sexual, mesmo das relações humanas, e as suas primeiras vítimas são as famílias e os jovens". "Ao enfrentar o problema dos abusos com clareza e determinação, a Igreja ajudará a sociedade a compreender e tratar a crise no seu seio." João Paulo II acrescentou que esta fase difícil da vida da Igreja Católica levará a "uma purificação do conjunto da comunidade católica". "Uma purificação de que a Igreja tem necessidade, se quer anunciar com mais eficácia o evangelho de Jesus Cristo com toda a sua força libertadora".

Com as intervenções sobre propostas de solução da crise deixadas para a manhã de hoje, o dia de ontem fez-se essencialmente com discursos. O cardeal Angelo Sodano, secretário de Estado do Vaticano, preside à reunião que junta oito responsáveis da Cúria e 13 cardeais norte-americanos (entre os quais dois a trabalhar no Vaticano). Numa intervenção inicial, Sodano afirmou que a Igreja tem o dever de ser transparente no modo de gerir a crise. E terá sido essa falta de abertura que se tornou, disse, uma das principais razões pelas quais a opinião pública se voltou contra a Igreja Católica, nos Estados Unidos.

À margem do encontro, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos Católicos, Wilton Daniel Gregory, afirmou ontem, numa conferência de imprensa, que a hierarquia católica continuará a lutar para que os seminaristas e o sacerdócio "não sejam dominados por homens homossexuais". Gregory referiu que o tema foi uma das questões já levantadas nos trabalhos iniciais. "É uma luta que continua. É muito importante assegurar que os seminaristas e o sacerdócio não serão dominados por homens homossexuais", e que os candidatos a padres são equilibrados ao nível psicológico, emocional, espiritual e intelectual.

Já o cardeal Theodore McCarrick, arcebispo de Washington, afirmou que a prioridade dos bispos "é a protecção das crianças". "Só desse modo poderemos dizer às pessoas: tenham confiança na Igreja."

Fonte Público

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