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Bispo Católico Expulso da Rússia
2002-04-22 17:07:56

O Serviço de Fronteiras da Rússia impediu a entrada em território da Rússia do bispo católico Jersy Mazur, que dirige a diocese de São José, com centro na cidade siberiana de Irkutsk.

Vindo de Varsóvia, Mazur, com cidadania polaca, desembarcou, na sexta-feira à noite, no Aeroporto Internacional Sheremetevo 2, de Moscovo, mas as autoridades russas obrigaram-no a regressar à capital polaca algumas horas depois sem apresentarem qualquer tipo de justificação.

Ontem, Alexandre Ieromin, vice-chefe do Serviço de Fronteiras da Rússia, tentou desdramatizar a situação, sublinhando que se trata de uma prática internacional comum: "Em cada país, incluindo os Estados Unidos, existem listas de cidadãos de outros estados que não podem entrar nele... Há casos em que os nossos cidadãos foram impedidos de entrar noutros países durante algum tempo, mas depois voltaram a ser autorizados."

O funcionário russo excluiu a possibilidade de por trás da decisão de expulsão do bispo católico, que ocupa um dos cargos mais importantes na hierarquia dos católicos russos, estarem razões religiosas ou políticas: "Não emprego o termo 'persona non-grata', porque essa categoria é uma invenção que diz mais respeito ao campo de trabalho do Ministério dos Negócios Estrangeiros e não ao campo dos serviços secretos."

Não é a primeira vez que as autoridades russas recorrem à acusação de espionagem para expulsar clérigos católicos do país. No passado dia 11 de Abril, o Serviço de Fronteiras da Rússia retirou a autorização de entrada e residência na Rússia ao padre católico italiano Stefano Caprio, pároco na cidade de Vladimir, situada a sul de Moscovo, justificando essa decisão com o facto de "a actividade de Caprio ser incompatível com o estatuto de sacerdote", o que na linguagem comum significa que o sacerdote se dedicava à espionagem a favor de uma potência estrangeira.

Porém, os católicos russos consideram que estão perante o início da perseguição religiosa na Rússia: "Não quero acreditar que se trata de uma campanha dirigida contra a Igreja Católica na Rússia. Mas o que aconteceu com o bispo significa que ele não pode regressar à sua diocese. Em muitos países, é um sinal de perseguição da Igreja Católica" - comentou Igor Kovalevski, secretário-geral da Conferência Episcopal Católica da Rússia.

Esta tese ganha força se tivermos em conta que as duas expulsões se realizaram depois da decisão do Vaticano, tomada em Fevereiro passado, de criar uma província e quatro dioceses católicas na Rússia, dirigidas por um metropolita e quatro bispos, respectivamente.

A Igreja Ortodoxa de Moscovo viu nessa decisão uma tentativa do Vaticano se infiltrar na Rússia, que ela considera "território canónico" seu, e rompeu as relações com Roma, deixando assim claro que também não pretendem ver o Papa João Paulo II na Rússia.

Tadeusz Kondruzevic, Metropolita Católico da Rússia, protestou junto do Kremlin contra as decisões do Serviço de Fronteiras de expulsar os clérigos católicos, mas, por enquanto, nem o Presidente Putin, nem o Governo russo tomaram posição sobre estes incidentes que agudizam as já tensas relações entre o Vaticano e o Patriarcado de Moscovo da Igreja Ortodoxa.

Ontem, o Vaticano reagiu e utilizou uma linguagem dura, considerando que a atitude das autoridades russas configuram "uma violação dos direitos constitucionais da liberdade de consciência dos cidadão russos e dos acordos internacionais". "A maior diocese católica do mundo está o lado do seu pastor", disse uma fonte da Santa Sé, citada pelas agências noticiosas.

Fonte Público

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